Filme Amanhecer - Parte 2 é mais do mesmo e só acorda no final


  • Cena de A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 2 mostra Jacob (Taylor Lautner) encontrando Bella como vampira
    Cena de "A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 2" mostra Jacob (Taylor Lautner) encontrando Bella como vampira
Sessões lotadas, filas homéricas, fãs aos prantos. Este será o quadro dos cinemas em boa parte do mundo civilizado quando "A Saga Crepúsculo: Amanhecer Parte 2" invadir os cinemas. O fim da história de amor de Bella (a neo-vampira adolescente) e Edward (o vampiro centenário) entra em cartaz depois de um ano tenso, principalmente quando a mocinha Kristen Stewart traiu o galã Robert Pattinson com seu diretor em "Branca de Neve e o Caçador". Muito publicamente, o casal fez as pazes e abriu caminho para a falação ser sobre o que interessa: o filme.
A verdade é que não há muito a dissertar sobre "Amanhecer Parte 2", a não ser que é mais do mesmo. A exemplo de todos os filmes que adaptam os livros de Stephenie Meyer ("Crepúsculo", "Lua Nova", "Eclipse" e "Amanhecer Parte 1)", a nova aventura traz uma história de amor de execução lenta, emoldurada por coadjuvantes que pouco fazem.
Talvez para manter as fãs com os coraçõezinhos inteiros, a série não assume riscos, não mergulha em conflitos, nenhuma decisão e nenhuma ação traz consequências ou crescimento para os personagens. Assim como os filmes anteriores, cada pedaço de plot é resolvido com velocidade de cruzeiro. A verdade é que não há motivo para o fim da saga ter sido dividido em dois filmes, já que nos dois terços iniciais de "Amanhecer Parte 2" pouco acontece.

Bella, depois de uma gravidez complicadíssima, foi transformada em vampira para não morrer. Vale dizer que “vampiros”, aqui, são mera forma de linguagem, já que nem Meyer e nem os produtores da série desenvolveram personagens que lembrem sugadores de sangue clássicos; aqui eles são quase mutantes, uma nova raça com poderes especiais que, ao contrário da turma de Charles Xavier, prefere viver (para sempre) nas sombras. Bella e Edward estão felizes como o casal perfeito, e sua filha, Renesmee (materializada em efeitos especiais horríveis até a atriz-mirim Mackenzie Fox assumir a personagem), surge como uma nova espécie híbrida, contando com a proteção eterna do menino-lobo Jacob, defendido com charme por Taylor Lautner.
A ameaça surge com os Vulturi --guardiões do modo de vida das criaturas da noite que acreditam estar diante de uma proibidíssima criança-vampiro. O casal apela para vampiros do mundo todo para lutar a seu lado (inclusive uma dupla hilária de vampiras da Amazônia), e o filme se arrasta para o clímax, uma batalha na neve --só não coloco “batalha sangrenta” porque, entre membros decepados e cabeças decapitadas, não se enxerga uma gota de sangue.
É aí que "Amanhecer Parte 2" finalmente --e sem nenhum perdão do trocadilho-- ganha pulso. Aro, líder dos Vulturi, é defendido pelo brilhante Michael Sheen com uma ironia fina deliciosa. Cada gesto, cada palavra, cada risada de seu personagem injeta no filme uma mistura tensa de humor e perigo, e o prelúdio da guerra entre vampiros se torna o grande momento de toda a série.
É justamente aí que o diretor Bill Condon mostra um vislumbre do que "A Saga Crepúsculo" poderia ter sido caso fosse entregue a atores do calibre de Sheen, capazes de entender o absurdo de um personagem de fantasia e lhe injetar vida. Talvez seja muito tarde para o romance açucarado, que agora chega ao fim. Mas, ao menos, é o suficiente para encerrar o fenômeno com um aplauso.


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