DE OLHO NA LÍNGUA- PROFESSOR ANTONIO DA COSTA, DE SOBRAL-CE- Material de domingo, 26/02/2017.

QUE CURIOSIDADE TRAZ A PALAVRA CALDO?

A palavra caldo designava antigamente apenas e tão somente líquido quente, fervente, já que provém do latim “calidus” (quente). Veja que caliente (no espanhol é quente), beijos calientes, no português são beijos quentes.

Hoje, porém, com a alteração semântica (mudança de significado das palavras), tomamos um caldo de cana gelado, dizemos simplesmente: o caldo está frio ou o caldo está quente. É mais um caso de catacrese.

QUAL A PRONÚNCIA CORRETA DE WATT?

É “uót”, embora muitos insistam em dizer “vát”. Estamos cansados de ouvir locutores e repórteres dizerem que suas emissoras possuem potência de mil váts. Alguns têm a coragem de dizer “uáts”.

“COLOQUEMOS AS COISAS EM SEUS RESPECTIVOS LUGARES”. EXISTE REDUNDÂNCIA?

Existe, sim. Respectivo já significa próprio, seu. Portanto, a construção preferível é: Coloquemos as coisas nos respectivos lugares. (Creio que agora colocamos as coisas em seus lugares…)

QUE CURIOSIDADE TRAZ A PALAVRA AULA?

A palavra aula significava antigamente palácio, corte, assim como aúlico, ainda hoje, significa cortesão, palaciano.

Como veio a tomar o sentido que hoje possui, qual seja o de lição de uma disciplina? É que antigamente os filhos dos nobres eram educados nos palácios, nas cortes. Tanto bastou para que a palavra acabasse tomando tal sentido.

MORAR À RUA (REGÊNCIA)

Embora muito comum no português contemporâneo, devemos preferir a que se fundamenta no uso dos bons escritores: Moro na Rua X. É que os verbos que exprimem quietação, estabilidade pedem a preposição “em” e não a preposição “a”. Observe que ninguém dirá: Moro à França; Moro a Petrópolis; Moro no Beco do Cotovelo. E sim, Moro na França; Moro em Petrópolis; Moro no Beco do Cotovelo. Exs.: Moro na Rua Santana (Garrett); “Tempos depois, estando já formado, e morando na Rua de Mata-cavalos” (M. de Assis, Várias Histórias, pág.125).

SOU “DE” MENOR – SOU “DE” MAIOR

Ninguém é “de” menor nem “de” maior. Na língua culta ou mais cuidada existe o menor de idade e o maior de idade. Portanto, diga sempre, como gente grande: Sou menor, ou, então, como gente que entende: Sou maior. No registro coloquial, todavia, só se encontra “de” menor e “de” maior. Um dicionário (Aquele) abona as expressões impugnadas. Compreende-se.

ALGUÉM PODE “DEFAMAR” UM DEPUTADO?

Não. Mas difamar é coisa comum, merecidamente ou não. Todos temos o direito, também, de dilapidar uma herança. O que não devemos é “delapidá-la”, que isso é pura extravagância. Cuidado ainda para não usar “previlégio e previlegiar”. As palavras corretas são privilégio, privilegiar( com três “i”). Cuidado também para não dizer largatixa, cardeneta, estrupo (palavras estas que devem ser escritas e pronunciadas assim: lagartixa, caderneta, estupro).

(*) Professor Antônio da Costa é graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). É, também, servidor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Sobral. Contatos: (088) 9409-9922 e (088) 9762-2542.
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