Dr Pedro Cardoso |
São
tantos acontecimentos nestas últimas semanas de manifestações que fica difícil
saber focar um texto, por isso pensar em definir um objetivo específico de
reivindicação se torna impossível.
Para
começo, fica claro que nossas autoridades de ponta a ponta deste gigante,
ex-adormecido, falam com o raciocínio de um papagaio. Iniciou-se com o
governador Geraldo Alckmin chamando o movimento de um pequeno grupo político. O
prefeito de São Paulo disse que era para aumentar a tarifa de ônibus desde
janeiro e que só aumentou o equivalente à metade da inflação do período. E a
presidenta corou o grunhido da ave com um festival de campanhas petistas, um
modo de governar que não engana mais ninguém.
Ela
prometeu uma reforma constitucional restrita num dia e no outro já não tinha
dito nada daquilo. Assegurou que não tinha um centavo do dinheiro público nessa
derrama para a FIFA e na construção de estádios para entregar de mão beijada
aos empresários depois, quando o grande volume sai dos cofres da viúva.
Tudo isso seria
normal se não tivesse surgido o pequeno grupo de milhões que foi às ruas e
continua indo diariamente país afora. Apesar do recado a todos, a mídia
continua com seu jeito brasileiro de cobrir os fatos e encobrir as maracutaias dos
governos. Antes, só alguns berravam sobre o dinheiro jorrado, agora todos
afirmam que haviam dito tudo sobre os rios de dinheiro jogado no colo da FIFA e
de empresários. A parte chapa-branca liderada pela Rede Globo e pelo
ensandecido Galvão Bueno ignora as manifestações e coloca as Copas como o bem
maior do Brasil em todos os tempos.
Mas numa coisa existe
unanimidade: nenhum órgão de imprensa reproduz a fala de autoridades, quando
elas dizem uma coisa num instante e logo depois se desdiz. Seria relevante
descobrir o preço que faz emudecer como mais item na pauta das reivindicações.
Também é patente que
há um Brasil de ativistas de facebook. Nessa rede, eles criticam os não
politizados, dizem como fazer, e não levantam o traseiro da cadeira, defendem as
truculências policiais contra os baderneiros que quebram alguns vitrais, mas
admiram aqueles que deixaram o Brasil neste caos.
Sou contra o
quebra-quebra, mas não tenho alternativas para ações que tragam resultados.
Nada seria mudado se as autoridades tivessem certeza prévia de que as
reivindicações ficariam restritas às orações e cânticos de hinos.
Pequenas conquistas
já se concretizaram; quinhentos anos na maior semana da cidadania brasileira,
de 16 a 23 de junho de 2013. Mas as manifestações não podem arrefecer. Foi
determinada a prisão de um deputado condenado há três anos que continuava
livre, leve e solto. Mas sua fuga para algum “Paraguai” já pode ter acontecido
previamente. Sobre as conquistas, escreverei na próxima semana. A abertura da
caixa preta do Judiciário brasileiro, com a prisão dos mensaleiros num prazo
menor do que três anos precisa entrar na pauta dos próximos eventos.
Estão simplificando
demais em chamar de vândalos “profissionais” todos aqueles que vão para o
quebra-quebra. Ninguém dá a outra face a quem lhe dá um tapa na cara. E meu
cartaz para as próximas manifestações já está pronto: “Lula pediu, eu atendi.
Tirei a bunda do sofá e tô aqui”.
Pedro
Cardoso da Costa – Interlagos/SP
Bacharel em direito
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