Em Elesbão Veloso, dermatologista Marco Andrey comenta situação da Hanseníase no Brasil.

Dermatologista Marco Andrey fala ao Painel Popular
O dermatologista Marco Andrey Cipriani Frade esteve em Elesbão Veloso nos dias 21 e 22 de setembro, oportunidade em que com apoio da Secretaria de Saúde do Estado do Piauí ministrou o curso “Atualização Clínica no Diagnóstico, Tratamento, Reações e Recidiva em Hanseníase”. O curso que consistiu no desenvolvimento de aulas teóricas no auditório Maria Livramento Sousa-Lili e práticas na Unidade Básica de Saúde-UBS do bairro Piçarra contou com a participação de  oito médicos, um dentista, nove enfermeiros, dois técnicos de enfermagem, 13 agentes comunitários de saúde e um assistente social.

Ouvido pela reportagem do Painel Popular/Fm Eldorado, Dr Marco Andrey fez um balanço positivo do acontecimento, enaltecendo as participações das secretarias de saúde do estado e município, visto que por meio da iniciativa demonstram preocupação em relação a hanseníase. Segundo ele, o curso é importante para os profissionais de saúde, que muitas vezes não tem experiência quanto ao tratamento, principalmente no que diz respeito o diagnóstico, assim, eles precisam ser atualizados quase que anualmente.

- Esse treinamento é importante porque a manifestação da hanseniase pode acontecer de várias formas, de vários tipos de lesões e nós precisamos nos concentrar em buscar as manifestações o mais rápido possível, as formas mais precoce, a partir daí você faz o diagnóstico precoce, trata e as incapacidades não acontecem.
Dr Andrey esteve em Elesbão Veloso ministrando curso para profissionais de saúde
Ao falar sobre causas e sintomas da hanseníase, o médico lembrou que a doença é causada por uma bactéria(Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen), sendo que essa bactéria tem atração tanto para a pele quanto para os nervos, com os 'nervinhos' destruídos as queixas irão basear-se principalmente pela perda de sensibilidade.

- O paciente não consegue definir o que é quente, o que é frio, as vezes se queima e não sente dor porque a proteção foi destruída, o nervinho que faz a gente tirar a mão do fogo por exemplo, foi destruído. A bactéria sempre vai atingir nervos, com o passar do tempo, a pele também começa a manifestar, mas isso depende de cada indivíduo.

Dr Marco Andrey é presidente da SBH
Presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH), Marco Andrey disse que a situação atual da hanseníase no Brasil é preocupante, na medida em que se trata de um país endêmico, prova disto são os registros superior a mais de 30 mil casos de hanseníase por ano. Perguntado se autoridades tem tido a real preocupação de combate à doença, o hansenologista afirmou que existem iniciativas importantes do Ministério da Saúde, que anualmente desenvolve a campanha de prevenção e combate a doença. Ele lembrou que o foco da campanha do Ministério da Saúde é voltada para escolas e isso ajuda, principalmente no sentido de diminuir o preconceito que as pessoas tem em relação a doença.

- Hanseníase não escolhe idade, classe social. Na verdade, é mais comum a gente ter pessoas com hanseníase na população mais pobre, muitas das vezes relacionada pela maneira que essas pessoas vivem, as vezes são pessoas simples, que moram em casa com um ou dois cômodos e tem 10 pessoas morando lá dentro, concorda que nesse caso, a transmissão de pessoa para pessoa é muito mais fácil do que daquele que cada um dorme no seu quarto, a reunião da família é só na hora do almoço ou do jantar, isso fica mais difícil para o bacilo se manter mais vivo no ambiente.

Médico dermatologista formado na Universidade Federal de Juiz de Fora(UFJF-MG), fez doutoramento na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto- USP, é professor na USP desde 2004, atualmente é livre docente da Universidade de São Paulo, é presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) desde 2012, foi eleito recentemente para novo mandato que vai até 2017, é assessor do Ministério da Saúde no sentido de ajudar na questão das portarias e manuais que o ministério publica, além disso tem feito projetos pertinentes a hanseníase já que é coordenador do Centro de Referência Nacional de Hanseníase do Hospital das Clínicas em Ribeirão Preto-SP.  Marco Andrey vem ao longo dos últimos anos percorrido vários estados do Brasil, levando treinamento, sendo que em algumas oportunidades leva consigo alunos e residentes para participar e conhecer a realidade principalmente nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país.

- Temos um projeto grande junto com a Universidade Federal do Pará. No Pará temos andado em vários municípios visitando pacientes e avaliando seus contactantes, tenho atividades profissionais no Tocantins, na Bahia, no Piauí, que já vim pela terceira vez para realizar essa atividade, tenho sempre procurando associar o lado teórico das aulas com o lado prático de aplicação de ver pacientes, acho que isso incentiva mais os profissionais médicos e os profissionais da enfermagem a aprenderem melhor e se dedicarem mais o contato com os pacientes.

Perguntado se existe no país um Estado onde a hanseníase possa ser mais endêmica, o dermatologista Marco Andrey informou que no site do Ministério da Saúde existe uma plataforma que divulga dados, usando como parâmetro a prevalência, o número de casos a cada 10 mil habitantes, assim, o estado onde o problema chega a ser mais preocupante é Mato Grosso, seguido do Pará e Maranhão. O Piauí ocupa a sexta colocação no ranking na lista de endemia. Importa lembrar que em 2014, o estado teve 1.144 casos de hanseníase confirmados (81 crianças menores de 15 anos).

Reportagem: José Loiola Neto
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