Dona Ceiça Nunes já lecionou na zona rural de Elesbão Veloso. |
Fora da sala de aula há mais de oito anos, devido a problemas de saúde, dona Ceiça é daquelas pessoas que podemos considerar perseverante, na medida em que muitas foram as vezes que precisou atravessar córregos de rio para chegar até a sala de aula na comunidade Repartimento.
- Eu tinha que correr todo dia cinco quilômetros até chegar à escola; era uma rotina que começava às 5h da manhã, antes de sair, tomava um chá e um comprimido para controlar a pressão, naquela época nem merenda tinha, era um sufoco, tudo muito difícil, disse dona Ceiça em entrevista ao Painel Popular.
A professora recordou os momentos de tamanha dificuldade para chegar ao colégio, sendo que a situação piorava durante o período chuvoso. As vezes, ela ia numa bicicleta e precisava carregá-la no ombro no momento da travessia na correnteza d´água.
- A água as vezes dava na cintura e eu tinha que me virar para passar. Mas quando estava muito cheio ficava ali até por volta das 4h da tarde, esperando o nível da água baixar. Chegava em casa tarde, ainda ia cozinhar- era almoço e janta; terminava de jantar ia planejar a aula do dia seguinte, lembrou.
Além do povoado Repartimento, a professora Ceiça Nunes, casado com o senhor "Luis da Taboquinha", mãe de sete filhos e avó de 9 netos, também trabalhou nas localidades Maratoã e Baixa da Ponte. Apesar das adversidades, ela disse que gostava do que fazia e sentiu bastante por ter que se afastar da sala de aula.
- Passei algum tempo depressiva porque não tinha nada para fazer. Depois disso passei a vender café, bolo e espetinho em festas, tudo para criar meus filhos
Moradora da Rua Coronel Antonio Teixeira na Piçarra, a professora Ceiça,que atualmente está com 53 anos é conhecida pela realização da tradicional seresta sempre no dia 30 de dezembro. O evento vem sendo promovido desde 2003. (Por: José Loiola Neto)
0 Comentários