DE OLHO NA LÍNGUA: Dicas de português com o Professor Antonio da Costa, de Sobral-CE

 
* Por Antônio da Costa, professor de Língua Portuguesa

ESTAVA “PARALIZADO” DE MEDO.
Escreva: Estava “paralisado” de medo. O “s” existente entre duas vogais nos substantivos também está presente no verbo: Estava paralisado (de paralisia) de medo. Igualmente: paralisante, paralisação. Outros casos: Vamos analisar (de análise) os resultados; Carro com catalisador (de catálise) polui menos; A moda agora é alisar (de liso) os cabelos.

VAMOS “ORGANISAR” FESTA?
É “izar” a terminação que indica “ação de fazer” e se agrega a um adjetivo ou substantivo terminado em ir, l, n ou vogal: Vamos organizar a festa? Outros exemplos: banal (banalizar), cânon (canonizar), cota (cotizar), horror (horrorizar), suave (suavizar).

PEDIU UM QUILO DE “COLCHÃO” MOLE
A carne é coxão (de coxa) e não colchão. Ex.: coxão mole, coxão duro. Colchão é de cama: colchão Ortobom.

ENSINAR (REGÊNCIA VERBAL)
– Ensinar alguém (= educar, instruir, castigar, punir); II – Ensinar alguém a fazer algo (= instruir); III – Ensinar-se a agir (= aprender por si, avisar-se). OBS.: Quando o complemento que expressa a coisa ensinada for um verbo no infinitivo regido da preposição “a” será facultativo o emprego do objeto direto ou indireto: “Ensinei-os a ler” ou “Ensinei-lhes a ler”.

ERA UM DEPUTADO BAIANO
Só existe “h” em Bahia, mas não nos derivados do nome do Estado: Era um deputado baiano; Moro na Bahia; Tinha muitos parentes baianos. Na palavra composta, Bahia perde o “h” e a inicial maiúscula: coco-da-bahia, jacarandá-da-bahia, laranja-da-bahia. Da mesma forma, o torcedor do Corinthians é corintiano, também sem “h”.

RECUSAVA-SE A FAZER “HORA-EXTRA”
Extra (adjetivo) liga-se sem hífen a um substantivo: Recusava-se a fazer hora extra. Também não tem hífen: bom humor, braço direito, fim de semana, mão de obra, mau cheiro, meio ambiente, peso pesado (lutador de boxe), ponto de vista.

PASSAR REVISTA OU PASSAR EM REVISTA
Ambas as construções aparecem nos escritos de bons autores, sendo que a segunda com mais frequência: “Passava revista a tudo aquilo que havia anos sonhava possuir” (A. Oliveira Pereira); “Para designar o seu sucessor, o leão passava em revista as qualidades, os requisitos, as prerrogativas de todos os animais” (Vivaldo Coaracy); O general passou a tropa em revista.

IMPRENSA ESCRITA, IMPRENSA FALADA, IMPRENSA TELEVISADA (OU TELEVISIONADA)
Embora já bastante vulgarizadas e acolhidas em dicionários, estas expressões pecam pela impropriedade de adjetivação. Diga-se apenas imprensa (com referência a jornais, livros e revistas), rádio, televisão. Para designar o conjunto dos processos escritos e eletrônicos de divulgação de informações, prefira-se meios de comunicação ou veículos de informação.

HAVIA FALTA DE “MATÉRIA PRIMA”
Existe hífen: Havia falta de matéria-prima. O sinal aparece também em: alto-astral, cara-pálida, cara-pintada, mal-estar, Mato-Grosso, posto-chave, primeira-dama, público-alvo, seguro-desemprego, sem-terra, terceiro-mundista, vale-refeição.

OBS.: Em alto-astral (há hífen), mas em autoajuda não, conforme o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Quem é que vai conseguir entendê-lo?

(*) Professor Antônio da Costa é graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). É, também, servidor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Sobral.
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