Professor do IFPI de Corrente-PI lança obra que enfatiza sobre cortadores de cana em Elesbão Veloso

Por: José Loiola Neto

O professor do Instituto Federal do Piaui-IFPI em Corrente/PI desde 2011 e escritor Teodório Rogério Junior , natural de Curimatá-PI, esteve em Elesbão Veloso durante o último mês de março, oportunidade em que, durante assembleia geral no Sindicato Rural, fez a divulgação do seu livro.

A obra intitulada "A Gente Leva o Dinheiro, mas Fica o Couro" aborda especialmente sobre a vida das pessoas que atuam no corte de cana de açucar, o livro destaca e põe Elesbão Veloso no roteiro, partindo da premissa em que a cidade dominava o mercado exportador de mão de obra para atuar no setor sucroalcooleiro geralmente no estado de São Paulo.
Professor e escritor Teodório Rogério Jr fala ao Painel
Ouvido pela Eldorado Fm, o professor ressaltou que a obra descreve Elesbão Veloso e sua gente, sobretudo os trabalhadores rurais que cortaram e que até os dias atuais cortam cana de açúcar.

A obra, segundo Toedório começou a ser trabalhada entre os anos de 2005 e 2006, quando ele ainda era graduando do curso de Ciências Sociais pela Universidade Federal do Piauí em Teresina, participou de um projeto de pesquisa sobre as condições de vida e trabalho de trabalhadores piauienses e maranhenses por meio do corte da cana em São Paulo e Rio de Janeiro.

Na oportunidade, ressalta o professora, quatro universidades desenvolveram a pesquisa, a UFRJ, UF de São Carlos-SP, UFMA e a UFPI. No Piauí, a pesquisa foi coordenada pela professora Maria Dione, sendo que Teodório parcipou dos projeto como bolsista do CNPQ juntamente com outro bolsista, o estudante Francisco Alves Frazão, que desenvolveu uma pesquisa semelhante tendo como fonte a vizinha cidade de Francinópolis.

Entre os anos de 2009 e 2010, Teodório decidiu aprofundar a pesquisa junto a Elesbão Veloso, tendo em vista fomentar o seu mestrado em Políticas Públicas pela UFPI.

- A partir daí, eu estudei em Elesbão Veloso, as condições de vida dos trabalhadores migrantes, levando em conta a realidade de vida na cidade, vendo como era o trabalho do corte de cana em São Paulo e em outros estados como Bahia.

A constatação após os relatos colhidos foi que o trabalho como cortador de cana provocou inúmeras doenças nos trabalhadores.

- Doenças nos pulmões como câncer, por causa da fuligem da cana, problemas na coluna como hérnia de disco, também cortes nos braços e pernas em razão desse trabalho no corte de cana. É bom que se diga que alguns trabalhadores, deles jovens, ficaram inválidos por causa disso.

No seu trabalho de pesquisa, o professor e escrito Teodório Rogério Junior disse que entrevistou uma família em Elesbão Veloso, na qual, dois irmãos morreram em consequência da árdua jornada de trabalho como cortador de cana.

- Um deles faleceu lá mesmo em São Paulo, o outro ainda chegou a ser trazido a Elesbão Veloso, mas infelizmente acabou falecendo.

A obra "A Gente Leva o Dinheiro, Mas Fica o Couro" foi lançada no final do ano passado, a publicação seu deu por meio da Paco Editorial, podendo ser acessada para aquisição de possíveis interessados. Em Elesbão Veloso, Rogério distribuiu gratuitamente vários exemplares da do livro, dividido em três capítulos, sendo que o primeiro narra as origens de Elesbão Veloso, passando pelo históricos das fazendas de gado, a realização da primeira feira, o segundo capítulo descreve o processo de migração de trabalhadores, o questionamento porque ela saem da sua cidade?, para onde vão? e o que fazem lá? e o terceiro capítulo enfatiza com relação às doenças provocadas sobretudo devido a exaustiva jornada de trabalho enfrentada pelos cortadores de cana de açúcar.

O escritor disse que o título da obra "A Gente Leva o Dinheiro Mas Fica o Couro" é na verdade, uma frase dita pelos próprios trabalhadores que atuam no corte da cana, e a ideia para descrever a capa do livro surgiu depois da entrevista com um trabalhador aqui em Elesbão. A vinda a cidade, acrescenta Teodório foi uma maneira de agradecer ao povo por ter lhe acolhido muito bem.

- Lembro que fiquei hospedado na Casa Paroquial à época estava aqui o Padre Wanderley, agradeço muito ao sacristão Jurandi, eles me conduziram pela cidade, me apresentando a trabalhadores rurais, estive na localidade Chapadinha, onde entrevistei o trabalhador José Carlos, contando com apoio do Agente de Saúde Joaquim. Pra mim foi uma honra muito grande ter feito este trabalho.

Na concepção do professor, se comparado os prós e contra para os trabalhadores que deixaram sua terra para cortar cana em outros estados, se trata de uma situação um tanto complexa, na medida em que quando analisado pelo lado comercial e financeiro há ganhos, em contrapartida comprometia a qualidade de vida e a própria saúde.

- No lado bom, tivemos aqui, a construção de muitas residências, pessoas que adquiriram motocicletas, às vezes carros, através disso, mas por outro lado, as consequências na vida, e a saúde dessas pessoas eram enormes.

As vindas a Elesbão Veloso especialmente durante os anos de 2009 e 2010 durante a pesquisa, ressalta Rogério Junior, foram frequentes, motivo pelo qual o fez a criar um certo vínculo com as famílias.
O escritor finalizou dizendo que o livro "A Gente Leva o Dinheiro Mas Fica o Couro" já foi apresentado em Corrente, onde ele trabalha, em Bom Jesus e por último em Elesbão Veloso. A quem interessar, a obra pode ser acessada e adquirida através do site da Paco Editorial.
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