DE OLHO NA LÍNGUA - dicas de português pelo Professor Antônio da Costa de Sobral-CE - Sábado - 28.03.2020


OS MEUS ÓCULOS / O ÓCULO
Essa palavra só existe no plural, porque cada uma das lentes é um óculo. Como essa armação supõe dois óculos (um à esquerda, outro à direita), então o conjunto só pode ser chamado de “os óculos”. Quem diz “o meu óculos” também deveria dizer, por exemplo, “a minha luvas”. No Brasil, é comum as pessoas dizerem erroneamente “o óculos, este óculos”, etc. Grave: O óculo (singular) é uma luneta.

NÃO TENHO NENHUM ÓCULOS PARA PROTEGER MEUS OLHOS
“Nenhum” se flexiona normalmente no plural para concordar com a palavra a que se refere. Diga-se com propriedade: Não tenho “nenhuns” óculos para proteger meus olhos. Óculos, férias, pêsames são palavras invariáveis de plural.

SUBSTANTIVO SINGULAR
Deve ficar no singular o substantivo em frases do tipo: As crianças estavam com o nariz sujo; Elas cobrem a cabeça com véus pretos; Os hotéis exigiam a identidade dos hóspedes; A voz e o sorriso das moças o fascinavam; As pessoas tratam muito bem o corpo e muito mal a alma.
Tais substantivos indicam pertença e se referem a vários possuidores: nariz/crianças; voz/moças, etc.
Em Português é fato corriqueiro usar o singular pelo plural: Havia muito peixe no rio; A nossa laranja é menor que a estrangeira; Naquelas quebradas da serra tem muita onça (Raquel de Queiroz) 

DEPOIS QUE OUVI A NOTÍCIA, FIQUEI CURIOSO POR CONHECER AQUELA CIDADE
Equívoco no uso da regência nominal. Diga-se: Depois que ouvi a notícia, fiquei curioso de conhecer aquela cidade. Algumas vezes ficamos curiosos “de” ou temos curiosidade “de” alguma coisa. Porém, jamais “por” alguma coisa. 

CIENTISTAS PROVAM QUE EXISTE VESTÍGIOS DE VIDA EM MARTE
O verbo existir é pessoal e varia normalmente para concordar com o sujeito. Diga-se: Cientistas provam que existem vestígios de vida em Marte. O verbo existir flexiona-se, como outro verbo qualquer, para concordar com o sujeito, que, nesse caso, é “vestígios de vida”.

HOUVERAM PROBLEMAS DE DIFÍCIL SOLUÇÃO
A flexão indevida de “haver” é muito freqüente e ocorre quando o verbo se encontra no passado ou futuro. Diga-se: Houve problemas de difícil solução. O verbo haver, no sentido de existir, é impessoal. Ou seja, não há sujeito e deve aparecer na terceira pessoa do singular.

TODAS AS VEZES EM QUE PENSO NAQUELE ACONTECIMENTO, SINTO UM APERTO NO CORAÇÃO
Nessa locução (EM QUE), por ser temporal, não se usa a preposição “em”, que é locativa, isto é, própria para referir-se a lugar, local. Diga-se: Todas as vezes que penso naquele acontecimento, sinto um aperto no coração. A grafia correta da locução é todas as vezes “que”, sem a preposição “em”.     

ALUGUEL / ALUGUER
Substantivo masculino. Prefira-se a primeira forma. A segunda (aluguer) é restrita à linguagem forense.

(*) Professor Antonio da Costa é graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). É, também, servidor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Sobral. Contatos: (088) 9409-9922 e (088) 9762-2542. 

* Material publicado pela primeira vez em 28.06.2014. 

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