Ídolo: Ronaldinho com a camisa do 4 de Julho em 1988 |
Por José Loiola Neto
Francisco Ronaldo Rodrigues Sales, o Ronaldinho, nascido a 5 de maio 1966, em Crateús-CE se diz grato e feliz por ter sido um jogador profissional. Canhoto de técnica refinada com passes precisos e senso de oportunismo para marcar gols(poucos, mas importantes) vestiu ca camisa de oito clubes durante sua trajetória enquanto profissional e o Piauí teve a felicidade de vê o craque exibir o seu futebol nos gramados da capital e interior, atuou por Tiradentes de Teresina, Paysandu de Parnaíba, mas foi no 4 de Julho de Piripiri que viveu uma das melhores fases da carreira, se tornou ídolo e até hoje é benquisto pela torcida colorada.
Ronaldinho com a camisa do Ferroviário |
Ronaldinho teve uma carreira pautada na disciplina e retidão, um exemplo de profissional, prova era o seu bom relacionamento com atletas e dirigentes de clubes e até com a imprensa.
Tiradentes-PI:Ronaldinho passou pelo Amarelão |
Canhoto Roanldinho vestiu a camisa do Treze-PB |
Passagem pelo Fernandópolis-SP |
INÍCIO DE CARREIRA
- Comecei na base do Ferroviário. Quando estourei a idade nos juniores fui para o profissional, consegui ir muito bem em dois campeonatos. No final, eles me chamaram para conversar e fechar um contrato, fiquei dois anos no profissional, joguei um campeonato brasileiro e um estadual, nos anos de 1986 e 87, em 88 quase fui parar no Quixadá FC por empréstimo, só que na semana que o negócio ia se concretizar apareceram o Sergil Araújo e o Edilson José no Ferroviário e conseguiram me levar para o 4 de Julho de Piripiri.
4 DE JULHO SURPREENDENTE
- Em 88 e 89, o 4 de Julho tinha um bom time, conseguimos manter a base, fomos bi-vice campeão estadual. Fui muito feliz no 4 de Julho, fiz gols decisivos, conseguimos ir bem no Campeonato Brasileiro da Série B de 89, ganhando inclusive do Ceará, lembro que nesse jogo, eu vinha de lesão obtida nas finais do estadual contra o Flamengo, estava voltando aos poucos e nessa partida fui bem.
COLORADO MEMORÁVEL
- Eu escalo o time de cabeça mesmo, eu lembro todos que jogaram comigo: Guará era o nosso goleiro, o Roberto que hoje mora aqui em Fortaleza e jogou vários intermunicipais por Piripiri era lateral pela direita, ai vem Marco Antônio e Valter Maranhão, a dupla de zaga; Luis Carlos, lateral esquerdo; o meio campo era composto por Adalberto, Pereira, Ivo e Sabará; Afonsinho, Flávio e eu(Ronaldinho) pela ponta esquerda. O time ainda tinha Derica e Dr Luís Menezes, que também fazia parte do grupo.
REVERÊNCIA A LUIS E GRATIDÃO A PIRIPIRI
- Ano passado estive em Piripiri e ainda tive oportunidade de matar saudades e saber que Dr Luis Meneses segue jogando bola, ele é um atleta que não é de correria, ele tem bons passes e gosta de dizer que sempre me deixava na cara do gol. É uma alegria que tenho sempre que vou lá, o filho do Marco Antônio, zagueiro já falecido levou uma camisa para eu autografar.
AMIZADES NO FUTEBOL
- Gosto de dizer que fiz muitos colegas no futebol, mas encontramos muitos amigos também, o Malta é uma pessoa maravilhosa, o Zuega, que tive o prazer de conhecer quando fui para a Seleção Piauiense para jogar contra o Vasco-RJ. São pessoas que guardo no meu coração, o Bilé também é outro, uma figuraça, o Miolinho, esse pessoal em Teresina, o Maradona é uma pessoa que gosto muito, apesar do pouco tempo para se conhecer, até porque quando eu cheguei ao Tiradentes ele estava de saída, foi emprestado ao Guarani de Sobral-CE. O futebol sempre me deu alegria.
PASSAGENS POR PARAÍBA E SÃO PAULO
- Além do futebol cearense e piauiense, atuei na Paraíba por Treze e Atlético e disputei uma segunda divisão pelo Fernandópolis de São Paulo, um time bom para se jogar, uma cidade boa e lá a prefeitura destinava uma verba para ajudar ao clube, lá eu consegui descobrir que quem me pagava era a prefeitura que investia e ao mesmo tempo estava valorizando a cidade. Quando saí de Fernandópolis voltei para Fortaleza e acertei com o Calouros do Ar.
RELAÇÃO AMISTOSA COM A IMPRENSA
- Nunca tive problemas. Sempre gostei de conversar. Quando você faz o bem, tanto dentro como fora de campo não vão pegar no seu pé. Graças a Deus nunca tive repórter ou jornalista pegando no meu pé. Sempre fui um cara aberto, sempre gostei de dá entrevistas, sempre fui receptivo.
JOGADOR DISCIPLINADO
- Com certeza. Acho que fui expulso apenas uma vez. Foi num jogo entre Sousa e Atlético Cajazeiras pelo paraibano. Eu estava no banco, entrei na partida, teve uma confusão ai me empurraram para cima do bandeirinha, por esse incidente o juiz resolveu me expulsar.
EDUCADOR FÍSICO
- Futebol para o jogador chega um momento que acaba. Eu sabia que ia chegar a minha hora de parar. Graças a Deus consegui fazer uma faculdade. Quando comecei no futebol já tinha meu segundo grau completo, quando parei retomei meus estudos em Fortaleza, graças a Deus me formei em Educação Física, e hoje em dia vivo do meu estudo, o que me sustenta hoje em dia é a minha profissão, a minha faculdade.
ATLETA: ALIMENTAÇÃO E DESCANSO
- Como educador físico entendo que se o atleta não se alimentar bem e não descansar ele não irá render o esperado, o repouso é importante. No Fortaleza, trabalhamos isso, no período da manhã a parte física, a tarde a parte técnica. O time possui uma boa estrutura, dando condições para o grupo atual.
ESTRUTURA DO LEÃO DO PICI
- Antes tinha atleta que saia do clube e ia beber. Hoje em dia não acontece mais. O Fortaleza tem estrutura tanto no centro de excelência que é no Pici como em Maracanaú, onde fica o CT, lá tem atletas do Sub-17 e Sub-20 morando lá, com acesso a boa alimentação toda regrada e recomendada por nutricionista, isso ajuda muito.
RASGADOS ELOGIOS A ROGÉRIO CENI
- A Copa do Mundo 2014 deixou um legado aqui. Mas a passagem do Rogério Ceni serviu para inovar o Fortaleza. O legado hoje existente no Fortaleza se deve muito a Rogério Ceni, pode ter seus defeitos, sabemos que muitos não gostam dele porque é meio fechado e durão, mas é uma pessoa que teve uma visão do que dava para fazer pelo clube e tudo isso que o Fortaleza está lutando e colhendo hoje em dia inclusive com o Vojvoda treinador argentino, ele pegou algo pronto, o que facilitou o trabalho dele. O Rogério Ceni penou por segunda divisão e hoje em dia o Fortaleza é o que é graças ao empenho do Rogério Ceni.
FORTALEZA: PROJEÇÕES PARA 2022
- Acho que o time fará boas campanhas tanto na Libertadores como no brasileirão.
FUTEBOL FEMININO NO FORTALEZA
- Já tem seis anos que trabalho com futebol feminino. Fui bi campeão cearense Sub-20 Feminino, fui bi-campeao com o profissional, com o Ceará em 2018 e 2020 pelo Fortaleza. No principal obejtivo este ano é tentar subir para Série A1, vamos disputar a A2 com intuito de ir para elite. Estamos fazendo o trabalho, preparando nossa equipe, estamos formando a comissão, são dois treinadores e dois preparadores.
ÓTICA EM TORNO DO FUTEBOL FEMININO
- Fala-se em mudanças, mas essa mudança que teve foi em outras regiões e para equipes grandes como Corinthians e Palmeiras por exemplo, aqui infelizmente não temos as condições para ser fortes. Entendo que a CBF precisa baixar taxas em relação a transações envolvendo atletas, a decisão poderia deixar os clubes mais fortes.
CAMPEONATO PIAUIENSE 2022
- O treinador do Flamengo saiu, o preparador físico também, mas eles não tem culpa, como vai fazer uma pré-temporada em 10 dias?. O estadual desse ano é um 'campeonato de tiro curto', na terceira rodada eu disse que Flamengo e Corisabbá iriam cair, estamos com seis rodadas disputadas, continuo vendo isso. Na parte de cima, gostei muito do Fluminense, tem jogadores que foram meus atletas, casos do Bismarck e do Pio, tive oportunidade de trabalhar com eles, o Pio no Estação e o Bismarck no Fortaleza. Com relação ao 4 de Julho acho que o time vai longe, gostei do time, faltava um ritimo de jogo, mas a vitória contra o Ríver dá confiança. O 4 de Julho vai chegar, o Ríver também tem um bom time e vai brigar lá em cima, o Parnahyba melhorou, o Oeirense levou muito azar, mas tá melhor que o Corisabbá.
DIFICULDADES NO FUTEBOL
- Se hoje tem dificuldades, imagina no nosso tempo?. A gente ficava dois ou até três meses sem receber, a gente pegava um vale aqui outro ali e ia se virando. Nas cidades que a gente trabalhava, as prefeituras ajudavam, mas quando não, a gente ficava um bom tempo sem vê o dinheiro, e a gente tinha família, como temos até hoje, eu conheço atleta aqui em Fortaleza que quando começa o campeonato ele joga, quando termina ele trabalha numa firma de móveis, naquela época isso era dificil. Jogador ganha muito em time grande e ainda atrasa, em time pequeno é outra coisa.
IMPACTO DA PADEMIA DA COVID NO FUTEBOL
- No começo foi difícil porque não tinha condição de ter jogos e o medo, os campeonatos pararam, no Fortaleza teve redução de salários, mas graças a Deus aos poucos está voltando aquela rotina apesar de tudo, graças a Deus a vacina veio e com fé em Deus daqui a quatro ou cinco meses voltaremos ao normal sem uso de máscaras, voltando ao convívio natural.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
- As lembranças do Piauí em especial de Piripiri são as melhores, joguei lá há 33 anos atrás e sempre que volto lá sou abraçado e festejado, fico feliz por ter sido lembrado, um abraço as pessoas de Elesbão Veloso, quando precisar estou às ordens.
FICHA DO ENTREVISTADO
Nome: Francisco Ronaldo Rodrigues Sales- RONALDINHO
Nascimento: 05/05/1966, em Crateús-CE
Clubes na carreira: Ferroviário e Calouros do Ar-CE; 4 de Julho, Tiradentes e Paysandu-PI; Treze e Atlético Cajazeiras-PB e Fernandópolis-SP.
Formação: Educador Físico com licenciatura e bacharelado
Trabalhos como treinador: Ceará e Fortaleza
Atualmente: comanda o futebol feminino do Fortaleza
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