PAPO DE BOLA- Repórter esportivo Cavalcante Neto da Difusora de Floriano narra sua trajetória no rádio, vê Flu como virtual campeão, aposta na permanênca do Cori e analisa situação dramática do Fla: "paciente na UTI em estado de coma"

Cavalcante Neto com a camisa do Botafogo, seu time do coração: vivência no rádio e nos campos

Por José Loiola Neto

O renomado radialista e repórter esportivo florianense Cavalcante Neto foi nosso entrevistado no quadro Papo de Bola domingo passado(27/02/2022), oportunidade em que recordou um tanto da sua vida no rádio bem como da oportunidade que teve de jogar futebol em São Paulo, onde esteve em pelo menos duas oportunidades. 

Atualmente com 53 anos, Cavalcante Neto, do alto da sua experiência e conhecimento no futebol não se esquivou de opinar em relação ao atual campeonato piauiense, fez projeções dos representantes do nosso estado na Copa do Brasil e alfinetou as gestões em sua terra natal, por entender que Floriano, como uma das principais cidades do estado merecia ter outra praça esportiva e não apenas do Estádio Tibério Nunes

Dupla na Rádio Difusora: Cavalcante Neto com o narrador Nilson Feitosa

Na conversa, o repórter que atualmente se encontra a serviço da Rádio Difusora de Floriano destacou a importância do futebol de base e deu conselhos aos jovens que sonham em ser um jogador de futebol. Abaixo, os principais trechos da entrevista. 

VIDA E FUTEBOL

- Falar da gente é sempre difícil. Nesses 53 anos de vida, caminhando para os 54. Pratiquei futebol até bem pouco tempo, é verdade que ainda jogo uma pelada, antes joguei em alguns clubes. Morei 12 anos em São Paulo, nesse período tive o prazer de jogar por alguns clubes como semi-profissional, passei pelo Jabaquarinha, se não me falha a memória eles mudaram de nome e hoje disputa a terceira divisão paulista. 

IDA PARA SÃO PAULO E PROJETOS DEIXADOS PARA TRÁS EM FLORIANO

- A primeira vez que eu fui foi em 1988. O nordestino tem esse sonho de conhecer São Paulo. Na época praticamente abandonei meus estudos, naquela época já estava com quase dois anos na Rádio Irapuá, ai fui acreditando numa coisa, mas foi outra. Quando cheguei lá vi algo totalmente adverso do que eu imaginava, nessa primeira viagem fiquei de 1988. 

VOLTA AO PIAUÍ E CONSTITUIÇÃO DE FAMÍLIA

- Retornei em 1990, daí retornei, constitui família, da qual tenho dois filhos maravilhosos, meu filho nasceu em 1992 e minha filha em 1997, também já tenho uma netinha. Em 1997 retornei a São Paulo e fiquei por lá até 2004.

Cavalcante Neto foi setorista de clube em sua passagem por São Paulo 

TRAJETÓRIA NO RÁDIO FLORIANENSE 

- Na volta ao Piauí em 1990, de imediato fiquei fora do rádio. A partir de 1992 voltei a militar no rádio, novamente na Rádio Irapuá, mas já estava naquele processo de mudança, mesmo assim permaneci até 1996, ano que ela foi vendida e passou a se chamar Rádio Santa Clara e pela proposta que me fizeram resolvi não ficar. Em 2006, quando fundaram a Princesa FM fui um dos primórdios da emissora, fiquei lá até 2008, retornei a Rádio Santa Clara em 2008 e permaneci até 2019. Mas aí veio essa pandemia maldita e aí tivemos uma desequilibrada. Atualmente estou na Rádio Difusora, temos um programa lá- No Pique da 91, de segunda a sexta-feira, das 18 às 19h, o programa tem uma bela aceitação. Nesse período todo sempre participei e fui convidado para fazer narrações por outras emissoras até fora do Piauí. 

EXPERIÊNCIA VALIOSA NA COMUNICAÇÃO EM SP

- Tive a oportunidade de fazer estágio na TV Gazeta. Fui setorista seis meses do Palmeiras. Quando fui para Campinas trabalhei em algumas emissoras. 

PERRENGUE POR FALTA DE REGISTRO

- Lembro que uma vez por eu não ter DRT naquela época fui até tirado do ar. O sindicato em São Paulo é totalmente diferente daqui, mas os caras me orientaram e não houve problema. Eu fui comunicado que lá não aceitam trabalhar na TV sem DRT. Quando voltei entrei em contato com a Comrádio, em 2002 fiz meu curso,. hoje eu já tenho meu registro profissional e posso trabalhar em qualquer parte do planeta Terra. 

Cavalcante Neto com o ex-atacante Aloisio Chalapa 

PAIXÃO PELO PIAUÍ

- Tenho parentes que moram lá em São Paulo há bastante tempo, mas eu não consigo ficar distante do Piauí. O Piauí está no meu sangue e na minha alma. Sou florianense e amo meu Piauí, conheço ele, dos 224 municípios, eu conheço em torno de 190, e tive o prazer de conhecer Elesbão Veloso no último encontro da APCDEP à época do saudoso Manoel Ramos, estivemos num congresso ai em Janeiro de 2010. 

VIVÊNCIA NO FUTEBOL E PROPOSTA PARA SER "GATO"

- Aconteceu um fato inusitado comigo. Eu fui para São Paulo em 1988, nessa época eu tinha 20 anos, eu participei de um peneira no Santos e ai quanto chegou minha vez um cara questionou minha idade e eu disse: 20 anos, então ele disse: nossa!, a gente está pegando só até os 18 anos, tú não tem um irmão mais novo não? e ai eu falei: tenho vários, mas eu já sabia o que era, era para fazer o fulano de tal do gato, mas não me arrependo porque burlar a lei não é comigo. 

CORI ÀS AVESSAS E EVOLUÇÃO DEPOIS

- Vejo que no futebol, isso é uma coisa comum nos dias atuais. Primeiro você contrata o treinador e aí ele vai indicando os jogadores, aqui foi o inverso. O Kalmar contratou os jogadores, depois trouxe o treinador e deu no que deu: o primeiro turno foi um Deus nos acuda, um time mediano, para mim saiu até no lucro. Os últimos três jogadores que chegaram deram uma nova dinâmica ao time. 

RECEITA PARA SE SALVAR DA DEGOLA

- O principal adversário do Corisabbá é ele mesmo. Com os novos jogadores que chegaram acredito que dá para se salvar, mas precisa saber até onde vai seus limites. Tenho três cursos como treinador e não acredito que você da noite para o dia vai desaprender a jogar futebol bola. 

MARASMO NO FLAMENGO-PI

- O Flamengo é como um paciente que está na UTI em estado de coma e está difícil de sair da situação que se encontra. Acho que acabaram o time quando venderam a sede e colocaram o dinheiro no bolso. O Flamengo precisa se reinventar e para que isso aconteça, as pessoas que realmente amam o Flamengo e que se dizem rubro-negro tem de se juntar, se unir e fazer um projeto já pensando em 2023. 

FOCO NA BASE E CONFIANÇA NO SEU RAIMUNDO

- O Flamengo precisa esquecer esse negócio de trazer medalhões e tem que dá prioridade a base, aos meninos. Seu Raimundo trabalha muito bem a meninada do Flamengo, é um cara que eu tiro o meu chapéu para ele, é um cidadão exemplar, então o Flamengo precisa apostar nesses meninos do sub-18, sub-19 e sub-20. 

DIRETOR DO PRINCESA DO SUL

- Em 2006, quando trabalhava na Princesa FM fui convidado para fazer parte da direção do Princesa. De 2007 para 2008 me tornei diretor de futebol, fiquei até 2014, inclusive o clube está sendo arrendado agora. Ele estão fazendo um planejamento para o time voltar às competições. Em princípio, eles querem trabalhar a base- sub 13, Sub 15 e Sub 17. Há a possibilidade do time participar da 2ª Divisão estadual este ano. 

FUTEBOL FLORIANENSE CARENTE

- Eu vejo que futebol depende muito do poder público, e hoje Floriano tirando o estádio Tibério Barbosa Nunes não tem outra praça para a prática do futebol, e isso é uma vergonha. Floriano hoje é carente de investimento no esporte. Eu tenho uma escolinha, a Passe de Letra e ela está parada há uns cinco/seis anos porque não tenho condições para trabalhar. 

TIBERÃO ABANDONADO

- Só nunca levaram o estádio porque não tem como arrancar de lá, mas os caras já roubaram os cabo elétrico das torres de iluminação e já chegaram a fazer ameaças. É uma vergonha para administração pública de Floriano. Se eu fosse gestor público em Floriano eu caçava um buraco bem fundo com pelo menos 500 mil metros para me enterrar, é um descaso com o desporto florianense. 

ERROS NA BASE E FRUSTRAÇÕES

- O pessoal hoje confunde muito. E o jovem precisa renunciar a muitas coisas e aí eu deixei de mandar garotos para alguns centros porque as vezes você quebra a cara porque o menino chega no treino e diz que está com saudades da mãe ou da namorada e vai embora. 

JOVENS COM AMBIÇÃO EXAGERADA

- Já faz cinco anos que estou parado com futebol de base e há um enorme problema. Alguns meninos pensam logo em contratos milionários, teve um certa vez que pensou que fosse fechar um contrato de R$ 100 mil e eu pedi calma e expliquei que o negócio não é tão simples. 

IMPRENSA ENDEUSA E PREJUDICA

- A mídia tem culpa e posso explicar: o caso daquele garoto do Palmeiras, o Endrick. Ele é um bom jogador? é. Vai ser craque? não sei. Ele tem 15 anos e aí, nessas estradas tem muitas curvas , e aí qual é o amanhã desse garoto? jornalistas já endeusaram ele hoje, e a pergunta que fica é: será se ele será um grande jogador?. Eu já vi Lulinha. Lenny, Gilmar e outros mais que diziam que seria o sucessor de Pelé e aí no final não dá em nada. Luís Henrique no Botafogo recentemente, hoje está na Finlândia. A mãe dele achava que ele com 17 anos tinha que ir para Seleção Brasileira e ganhar R$ 1 trilhão e não é por aí. Primeiro se prepara o cidadão, a família para uma nova iniciativa de vida. O atleta vai se estabilizar no futebol de 22 para 23 anos, antes disso é muito precoce. 

OS 'MESSIS' QUE NÃO SURGEM

- Recentemente eu estava acompanhando um treino de categorias do base aí um cidadão disse que determinada jovem: esse ai é o futuro Messi e eu disse: moço, o Messi está estabilizado no futebol. Entendo que essas comparações só atrapalham. Temos que preparar um garoto para ele ser ele mesmo. As comparações prejudicam demais. 

LEI PELÉ E CARREIRA DE NAVARRO EM RISCO

- Acabar os clubes de futebol. Esse caso desse menino que estava no Botafogo, o Navarro. O empresário pegou ele e levou para o Palmeiras, ao meu ver acabaram com a carreira do rapaz. Digo sem medo de errar, porque se ele fica no Botafogo, ele já tinha uma identidade, um ambiente, já conhecia o clube e o clube sabia como ele jogava, lá no Palmeiras ele está sendo o que?, a torcida está execrando ele porque ele não estava preparado para tamanha responsabilidade e alguns botaram na cabeça que ele tinha que disputar o Mundial de Clubes, e ele disputou?. Entendo que a carreira dele está em risco porque até que ele volte a ter uma sequência de jogos para reconquistar a confiança, acho que isso lá no Palmeiras dificilmente vai acontecer. 

ÁRBITRO DE FUTEBOL E JOGADOR NO INTERMUNICIPAL

- Trabalhei como árbitro na Copa Piauí promovida pela Grupo Claudino na década 1990. Fui árbitro por mais de 10 anos. Antes disputei dois intermunicipais, mais tive duas lesões e fui convidado para arbitragem e aceitei porque o importante é contribuir, o esporte está no meu sangue. 

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