PAPO DE BOLA: Vitorioso por onde passou, técnico Nivaldo Lancuna recorda trabalho no Altos, passagem marcante pelo Ríver e demostra afeto pelo Piauí: "tenho esse estado dentro do meu coração".

Experiente Nivaldo Lancuna(Petenga) falou ao Papo de Bola

Por: José Loiola Neto

Um dos grandes treinadores do futebol brasileiro, notadamente reconhecido pelos resultados positivos e conquistas por onde passou, Nivaldo de Oliveira Lancuna nos deu a oportunidade de aguçar um tanto da sua vitoriosa e promissora carreira como jogador e posteriormente como técnico há mais de 40 anos, acumulando passagens por dezenas de equipes de diferente partes do país, inclusive no Piauí, onde comandou as principais agremiações, com destaque para a estupenda campanha com o Altos, bem no início da história do 'Jacaré da terra da manga', foram muitas as emoções vividas ao longo daquele Campeonato Brasileiro de 2016, e talvez por isso, o próprio diz ter carinho redobrado pelo estado e os clubes locais, que sempre lhe acolheram de uma forma especial. 

Ao PAPO DE BOLA, Nivaldo Lancuna, para os mais próximos "Nivaldo Petenga", atualmente com 70 anos (04/12/1954),  nascido em Duque de Caxias-RJ, profissional gabaritado, experiente, com rodagem e conquistas importantes por clubes diversos do país, incluindo futebol Piauí, no qual possui relações estreitadas, prova é que trabalhou em praticamente todos os clubes do nosso estado: Parnahyba, Flamengo-PI, SEP, Ríver, Altos, dessa forma tem bagagem e propriedade de sobre para falar sobre o que outrora viveu em terras mafrenses. 

RESUMO DA CARREIRA DE NIVALDO LANCUNA 

Anapolina-GO 1983 - Vice-campeão Goiano; Araxá-MG - 1988 Campeão Taça Alterosa Minas Gerais. –  River-PI 2000 a 2001  tricampeão estadual; Novo Horizonte-GO Divisão - 2002 Vice-campeão Campeonato Goiano da 1ª Divisão e Melhor Técnico do Campeonato Goiano 1ª divisão;  Novorizonte - 2003 Vice-campeão Campeonato Goiano da 1ª Divisão; Novo Horizonte-GO  - 2007 Campeão Campeonato Goiano da 2ª divisão; Aparecidense-GO - 2008 Vice Campeão Campeonato Goiano da 2ª divisão. – Rio Verde-GO 2010 Vice-campeão Campeonato Goiano da 3 divisão; Altos-PI - 2015 Campeão Campeonato Piauiense da 2ª divisão; Altos-PI - 2016 Campeão Campeonato Piauiense da 1ª divisão e melhor treinador campeonato Piauiense da 1ª divisão. Abaixo, os principais trechos da entrevista.

OS PRIMEIROS PASSOS NO FUTEBOL

- Primeiro fui atleta profissional. Joguei no Vasco, Fluminense, depois saí para o Vila Nova-GO, tendo sido artilheiro do Campeonato Goiano, joguei no Ceará, Ferroviário-CE, lá fui vice-campeão estadual, joguei no Ferroviário-MA, fui vice-campeão como jogador, atuei pela Anapolina-GO, joguei em vários clubes, tive também uma passagem pelo futebol colombiano, passei por lá em 1975. 

INICIO DA CARREIRA COMO TREINADOR

- Comecei a minha carreira como treinador de futebol, graças a Deus, disputando um título, era Goiás contra um time do interior, porque Vila Nova, Goiás e Atlético-GO chegar na final é normal, chegar a final e brigar pelo título, mas eu cheguei com a Anapolina e perdemos o título nos pênaltis.

Nivaldo Lancuna em uma das passagens pelo futebol goiano

PRIMEIRA EXPERIÊNCIA NO FUTEBOL PIAUIENSE COM REVERÊNCIAS A GALO E JACARÉ

- Foi logo nos meus primeiros anos como treinador, tive o prazer de ser convidado para dirigir essa grande equipe de futebol que é o Ríver-PI, nossa foi um orgulho vestir esse manto sagrado, trabalhei ai com nosso deputado Júlio Arcoverde, com o senador Ciro Nogueira, foram as pessoas que me levaram para o Piauí, chegando aí o Ríver já tinha sido campeão e eu ganhei mais dois títulos seguidos, chegando ao tricampeonato, depois fui para o Altos, quando na verdade, o time estava começando, não tinha nada, só tinha as camisas e eu levei todos os atletas aqui de Goiás, incluindo Manoel, Esquerdinha, Genesis, Fred, Taylor, Luciano, levei um time completo e graças a Deus conseguimos ser campeão e o Altos está ai hoje sendo uma grande equipe.

ESFORÇO PELO ALTOS

- Tudo começou por mim, foi comigo, quando cheguei lá Batistinha era o treinador do Juniores e e ele falou: 'aqui estão apenas as camisas, agora vamos montar o time' e eu lembro que até patrocínio eu levei para que eles fossem disputar a Copinha em São Paulo, tive o prazer de viver isso, a cidade de Altos me acolheu muito bem, a torcida, e o bom é que já chegamos subindo o time para a 1ª Divisão e não fomos campeões porque colocaram um jogador irregular no banco e eu o coloquei para jogar, fato é que ganhamos o jogo por 3 a 1 não lembro se foi do Flamengo ou Ríver, mas o Vitor Bafana estava irregular por conta de terceiro cartão amarelo, dai não fomos campeões da 1ª Divisão estadual. 

Nivaldo Lancuna acumula várias passagens pelo futebol piauiense

ALTOS EM ASCENSÃO

- Depois disso disputamos uma Série D do brasileiro e fizemos uma campanha maravilhosa, fomos desclassificados por um gol, um gol só de diferença para o CSA-AL, que depois disso ganhou as séries C e B, chegando a elite nacional porque era uma equipe muito bem formada.

WARTON LACERDA BALUARTE DO ALTOS

- Eu comecei com ele ali e ainda arrumei patrocínio para o clube para ir disputar a copinha, lembro que trouxe vários jogadores do futebol goiano, que viraram ídolos ai. Hoje o Altos é essa potência, está representando o Piauí na Copa do Nordeste. 

ALTOS PRINCIPAL FORÇA DO FUTEBOL PIAUIENSE

- Não tem muito o que o falar contra. Não vou está aqui falando contra o Altos. Hoje temos que ser realistas, o Altos é o time que representa a nossa cidade porque eu também faço parte do Piauí e tenho esse estado dentro do meu coração, então acho que o Altos hoje é o grande representante do futebol piauiense. 

CARREIRA VITORIOSA EM GOIÁS

- Já tive oportunidade de comandar a Anapolina em Série A de Campeonato Brasileiro, onde fizemos um bom campeonato, não caímos, ficamos ali, a nossa chave tinha Corinthians, Internacional, empatamos por 1 a 1, o outro foi 0 a 0. Em Goiás, tenho vários títulos na 2ª e 3ª Divisão, na 1ª Diivsão tenho dois segundo lugares, uma com o Novo Horizonte de Ipameri, outra com a Anapolina. A gente sempre trabalhou com dignidade. 

TRISTEZA COM A QUEDA DO RÍVER PARA SEGUNDINHA

- Fiquei triste como todo o povo do Piauí com a queda do Ríver para a 2ª Divisão, mas tenho certeza que vai voltar o mais rápido possível. O Ríver está no meu coração, pois lá sempre fui muito bem tratado por todas as pessoas que lá estão, devo inclusive citar o Elizeu Aguiar, Dr Zé Neto, Dr Miguel, vários amigos e a torcida riverina sempre se identificou comigo, é um time que eu tenho orgulho de dizer que trabalhei. 

A DISPOSIÇÃO DO GALO

- Se quiserem estou a disposição deles para ir ai subir o River para o lugar que ele nunca deve sair, pois o lugar dele é a 1ª Divisão e disputar grandes competições no  futebol brasileiro, o Ríver é uma excelente equipe, e o meu time à época era brincadeira: Esquerdinha, Brinquedo, Jerônimo, Ari, Mardônio, Salomão, Fernando, Guará, Jorge Luis, França, a gente jogava pra caramba e eu tenho que agradecer a esses atletas que dentro de campo fizeram tudo por mim no futebol. 

INSUCESSO DE UMA EQUIPE NO FUTEBOL

- A diretoria nunca quer montar um time pra ser rebaixado, com relação ao Ríver é triste, sei muito bem que todos os que estão lá fazendo parte da direção jamais queriam isso, e tenho certeza que eles vão sentar e discutir para montar uma grande equipe. Eu acho que os erros estão nas contratações, hoje você precisa saber contratar. 

BASE COMO PRIORIDADE

- Sou defensor da base. Todo time que tem uma grande base, tem grandes times de futebol. 

DUPLA RIVENGO NA SÉRIE B

- É muito triste. Duas grandes equipes do futebol piauiense na 2ª Divisão. Mas tenho certeza que as duas vão voltar, logicamente terão que passar por um processo, mas é complicado, por se tratar das duas grandes torcidas do futebol do Piauí. 

AMIZADES NO PIAUÍ

- Muitas e grandes amizades. Não só pessoas do futebol, mas pessoas donas de empresas que a gente estava sempre junto. 

HOMEM SEM VÍCIOS E ESTRATÉGICO NO FUTEBOL

- Nunca provei uma bebida, nunca fumei, não gosto de noitada, sou um cara caseiro e sou carioca. Tú já viu carioca que não bebe e não fuma?, é difícil!, mas eu sou essa pessoa assim dessa maneira, eu me preocupo muito, a noite, em casa eu vejo o que está errado no treino, no time, até porque treinador vive de vitórias e de resultados, sendo assim, ele tem sempre que está trabalhando e procurando erros que possa estar dentro de uma equipe para tentar acertar e colocar o time para vencer. 

PARADA NO FUTEBOL PARA CUIDAR DA SAÚDE

- Tive um problema na próstata, já operei, parei este período, agora estou completamente recuperado, estou recebendo até umas propostas para voltar a trabalhar, mas eu quero ir para um time de expressão para que eu possa voltar a fazer o que era antes. 

MELHORES MOMENTOS NA CARREIRA E RECONHECIMENTO A TODOS

- Foram vários bons momentos, tanto que tenho vários títulos e títulos são sempre especiais, vivi bons momentos em Goiás, em Minas Gerais, onde fui campeão com o Araxá Esporte, no futebol goiano tenho mais ou menos uns 10 títulos, foram títulos importantes, mas não fui eu quem ganhou sozinho, ganhei como os atletas, mas a cozinheira faz parte do plantel, a lavadoura, então, para mim, todos fazem parte, a imprensa local que está ali e dá força, que ajuda. 

ANSIEDADE PARA VOLTAR A TRABALHAR

- Estou prontinho, até porque já fez um ano que operei, estou pronto, já recebi três propostas para comandar, estou avaliando as possibilidades. 

VISÃO ATUAL DO FUTEBOL BRASILEIRO

- Vou ser sincero. Relativamente a Seleção Brasileira tá devendo muito daquilo que nós sabemos sobre futebol, tem jogadores por exemplo, que joga lá no time dele, mas quando chega na seleção não é o mesmo jogador. Falando dos clubes, a base do Flamengo é muito forte e a do Fluminense também, Xerém fica perto da minha casa, hoje temos o Amarildo como captador de jogadores para o Fluminense. 

OPINIÃO SOBRE NEYMAR

- A saída dele da seleção mostrou que nosso time não fez mais nada. Ele é um grande jogador, tem muita qualidade, espero que ele volte bem a seleção e ajude. 

CANDIDATURA À CÂMARA DE DUQUE DE CAXIAS E DENÚNCIAS NO PLEITO. 

- Eu fiquei 40 anos fora do Rio de Janeiro e de repente me lançaram candidato a vereador, foram vários pedidos. Duque de Caxias é uma cidade que tem uma arrecadação gigantesca, a Petrobras está aqui, e o que o dinheiro rolou para compra de votos foi brincadeira, não foi pouco, foi muito, tá uma confusão danada ainda, dizem que ainda vão mexer nisso ai. Fui candidato pela oposição, a situação venceu, na realidade, muitos milhões foram jogados fora, no meio da rua, o voto aqui valia R$ 300,00, 400,00. Eu nunca tinha votado no Rio de Janeiro, essa foi a primeira vez. Eu votei mais foi no Piauí; votei no Ciro, no Elizeu, no Julio Arcoverde, eram meus canditatos. 

ESTARRECIMENTO COM CENÁRIO DA POLITICA EM DUQUE

- O partido o qual eu fazia parte não ofereceu verba nenhuma na campanha, eu estava gastando o meu, eu estava no partido Avante, os dirigentes chegaram fizeram uma reunião com a gente e disse: olha, infelizmente, o partido não tem 1 real pra dar para vocês fazerem a campanha porque não tinha nenhum deputado federal no partido eleito e eu acabei percebendo que se não tiver verba para fazer uma campanha a coisa não acontece. 

DUQUE GIGANTE COM SEUS PROBLEMAS

- Aqui é uma cidade com mais de 2 milhões de habitantes, é um lugar se você não tiver verba, você tá mal, aqui você tem que ter verba, se você der uma saída você vai vê cerca de 200 pessoas em uma praça e outras levando comida, dando comida, pessoas em situação de rua e dá dó vê um negócio desses, e você não vê ninguém (políticos) fazer uma proposta ou pegar algum terreno baldio pois aqui temos vários e grandes pra fazer moradias para essas pessoas, ensinar, fazer algo por elas, porque aqui tudo que você imaginar aqui tem, inclusive milícias, você não imagina o que tem aqui, muito perigoso, recentemente invadiram uma delegacia e meteram bala nos policiais tudo. 

APELIDO PETENGA E CAÇULO DE 22 FILHOS

- Aqui ninguém me conhece como Nivaldo, só me conhece como Petenga, era meu apelido de criança, sou de família pobre, são 22 filhos, eu sou o último, sou descendente de italiano, dos 22 filhos só tem dois vivos, eu e minha irmã, meu pai faleceu em 1969 e minha mãe em 1983. 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

- Agradeço pela oportunidade e gostaria de dizer que você falou com uma pessoa que tem um legado aí no Piauí e seria um prazer retornar ao futebol desse estado e lutar por um time, deixo meu abraço a todas as torcidas do futebol piauiense.