Material pesquisado por José Loiola Neto
VEJA Edição 2969
Capa: REFÉNS DO CRIME
A rotina de medo dos 28,5 milhões de brasileiros reféns do crime organizado
Sob a mira de fuzis em territórios dominados por facções, eles convivem com uma tragédia cotidiana escancarada pela recente megaoperação do Rio
Carros queimados, estacas de ferro, trilhos de trem, cancelas — eis uma lista das barreiras que precisam ser cotidianamente vencidas por um naco expressivo da população do Rio de Janeiro para tão simplesmente chegar em casa. São obstáculos carregados do mais deletério dos simbolismos: fincados nas entradas de populosas favelas, eles têm o propósito de frear a polícia e demarcar onde termina o poder do Estado, com tudo o que embute, e começa o domínio do crime, que vem se apossando ao longo de décadas de vastos territórios à base da intimidação e do medo — medo não, pavor. Quem leva o dia a dia na mira dos fuzis sabe bem que a vida sob as regras das quadrilhas, seja do tráfico, seja da milícia, depende da régia obediência a uma cartilha que todo mundo conhece de cor. “Carro de aplicativo não sobe aqui, esquece. Somos obrigados a usar o sistema de mototáxis dos bandidos e, se recebo alguém, preciso ir buscar fora da comunidade, para não correr riscos”, diz uma residente de Itaboraí, na região metropolitana, que, como outras pessoas ouvidas pela reportagem de VEJA, não revela o nome e prefere nem dar as iniciais.
O avanço territorial dos criminosos não apenas no Rio, mas por todo o Brasil, espanta pela velocidade e a dimensão que tomou. Entre os especialistas, não há dúvida de que as barreiras dos marginais devem ser derrubadas e o terreno que eles mantêm à sombra da violência, retomados — medida essencial do ponto de vista dos que sofrem com os desmandos da bandidagem e sob o ângulo do funcionamento da sociedade de forma mais ampla. É tarefa de elevada complexidade, como se viu na Operação Contenção, no último dia 28, quando o governo Cláudio Castro despachou 2 500 agentes para os complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte carioca, onde está instalado o QG do Comando Vermelho, a maior facção do Rio. Os policiais foram recebidos com saraivadas de tiros de fuzis e até drones lança-granadas. No confronto, quatro policiais morreram. Do outro lado, as baixas foram muito maiores: 117 mortos (dos quais, 95% tinham vínculo comprovado como o CV, segundo o governo fluminense) e 99 prisões. Após essa ação que bateu recorde histórico de letalidade, uma questão essencial — que, aliás, mobiliza a classe política, de olho no impacto eleitoral do emergencial tema da segurança — segue candente: como extirpar de vez esse mal do castigado tecido social? Não há resposta única nem simples.
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REVISTA OESTE Edição 294
Capa: RIO EM GUERRA
A megaoperação desencadeada pelo governo fluminense tenta recuperar o domínio territorial das favelas cariocas que há décadas foram abandonadas pelo poder público e entregues ao controle de grupos criminosos.
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CARTA CAPITAL Edição 1387
Capa: AFOGADOS EM BOAS INTENÇÕES
A COP30 EM BELÉM, TRILHA O MESMO CAMINHO DAS CONFERÊNCIAS DO CLIMA ANTERIORES: UM OCEANO DE RETÓRICA, UM DESERTO DE SOLUÇÕES
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REVISTA CRUSOÉ Edição 392
Capa: SOBERANIA RELATIVA
Guerra no Rio escancara domínio territorial do crime organizado
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