Imagem ilustrativa |
Por Tom Custódio*
Sou um símbolo espástico, gástrico, náutico, náufrago
mesmo na multidão. Às vezes itálico, negrito, em caixa alta, exclamativo,
algumas vírgulas de engasgo (porque tem um lance de timidez) e raras, mas
magníficas, reticências. Sou retificador, vocês também são, não mintam.
Convulso, tenho frio e tenho medo, avulso das coisas circundantes. Boio, como
uma alma, no espaço.
Frígido, frígido, rígido, gélido, mórbido, pálido e
mau, mas nem tão mau, nem todo o tempo – de vez em quando rio ou acho graça.
Farsa, sou sempre uma farsa, e a farsa que faço é um honesto papel: lembre-se
do seu sotaque, do seu time, do seu sexo, eu digo, e você se situa.
Contrato/sociedade desmanchada com o contato. A
preguiça pesa no ato, as dores antigas constrangem o ato que há. Rebato feroz o
contato, me eriço, me exalto, me viro a cara pro lado. Não quero, não posso de
fato com a força do ato – recalcado, bicho rato, vivo de comer migalhas, de
guardar junto de mim comida velha.
Queria leves luares e logos e luz, e lânguidos, longos
e lindos suspiros, vibrâncias de flor e de mel. E a cor amarela e os velhos
amigos nos novos e todos sorrindo de dentro de mim. Queria um roxo que fosse na
canela, uma conversa demorada, uma canção, uma singela inclinação pros
sentimentos verdadeiros. Uns olhos firmes e certeiros, famintos e desejosos. E
calma, imperturbável calma, inesgotável, calma, fresca calmaria. Queria.
Mas fica pra outra hora.
*Tom Custódio da Luz, 22, escritor, compositor, cantor
e músico. Reside em São Paulo(SP). Seus artigos pode e estão sendo publicados
pelo País, inclusive no exterior. Mais de 40.000 curtidas em seu FB e mais de
9.000 exibições de sua Música (E
Agora,Tião?) no YouTube.
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