O CORDEL. Juracy Leite lembra pelejas feitas por tocadores no "Bar do Antônio Maroto" em Elesbão Veloso.

Violeiro Chagas Agnel foi lembrado na crônica de Jura Leite
Por *Juracy Leite de Carvalho

O Cordel é uma forma poética rica, complexa e viva, que xprime uma mentalidade, uma visão de mundo popular. Suas narrativas são histórias criadas mais para o ouvido do que para os olhos, ou seja, sua recepção pelo público pressupõe o canto, a recitação ou a leitura em voz alta, feita por alguém situado no meio de um círculo de ouvintes que acompanhavam atentamente de forma coletiva o desenrolar das aventuras. Se assim me expresso, é porque comprovo vendo e ouvindo as pelejas feitas por violeiros, sempre aos sábados no Bar do saudoso amigo Antônio Maroto.

Em sua origem, o cordel é um pouco de drama ou espetáculo ritual que reafirma os laços da coletividade, reforça a experiência comunitária, como num banquete, o poeta e o público partilham os desejos e sonhos na forma de aventuras e emoções. Seja apenas recitando ou dedilhando as cordas da sua viola, esse artistas como Chagas Agnel e outros, tocam os acordes do coração do público e o rito coletivo faz reviver e atualizar uma antiga tradição. Nesse instante mágico, várias gerações e diferentes culturas dão-se as mãos num imenso cordão que multiplica e fortalece os laços da vida.

* Juracy Leite de Carvalho é um cronista elesbonense, ardoroso torcedor do Vasco e colaborador do Painel Popular.
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