DE OLHO NA LÍNGUA- PROFESSOR ANTONIO DA COSTA, DE SOBRAL-CE- Material de domingo, 12/03/2017.

PARA EU LER
É muito comum ouvir construções do tipo: Empresta o livro para mim ler, ou para mim olhar ou para mim levar, etc. Essas construções são incorretas e devem ser evitadas. A construção gramaticalmente correta é: Empresta o livro para eu ler, ou para eu olhar ou para eu levar, etc. Observe que o pronome pessoal “eu” exerce a função do sujeito do verbo no infinitivo. Tal função só pode ser exercida pelos pronomes pessoais retos, nunca por pronomes pessoais oblíquos, como é o caso do pronome “mim”.

PARA MIM ESTUDAR É UMA ALEGRIA
Nada de errado nessa construção. Nesse caso, o pronome oblíquo “mim” não é sujeito de estudar. Observe que houve apenas uma inversão da ordem natural da frase. Em ordem direta, teríamos: Estudar é uma alegria para mim. Aí, “para mim” funciona como complemento do estudar. Para deixar clara a função do complemento “para mim”, recomenda-se separá-lo do verbo por uma vírgula: Para mim, estudar é uma alegria.

PLEONASMO X REDUNDÂNCIA
O leitor Gustavo Barros quer saber se há diferença entre pleonasmo e redundância. Caro leitor, há, sim. Ei-la: Pleonasmo – figura de linguagem que consiste na repetição de um termo ou de uma ideia. Trata-se de um recurso estilístico utilizado para enfatizar, contrastar ou realçar uma ideia. Exs.: Os vidros eu os lavei ainda hoje; Vi com meus próprios, e mesmo assim não acreditei; “E rir meu riso e derramar meu pranto/ Ao seu pesar ou seu contentamento (vide Moraes). Alguns pleonasmos são utilizados “sem nenhum efeito estilístico”. Nesse caso, temos um vício de linguagem, como nesses corriqueiros exemplos: Entrar para dentro; sair para fora; subir pra cima; descer pra baixo; adega de bebida, etc. Em síntese, no pleonasmo, tem-se como objetivo um efeito estilístico. Já na redundância é uma simples repetição de termos ou ideias desnecessárias. Diz-se também redundância, tautologia, perissologia, batologia.

INTROMETER-SE NO MEIO (REDUNDÂNCIA?)
Não há redundância, contudo, em intrometer-se no meio, já que alguém pode intrometer-se no começo, no fim e até mesmo no meio de uma conversa. Também não há redundância em “voltar-se para trás”, pois alguém pode, perfeitamente, “voltar-se para o lado”. Não se tomam como redundâncias na língua contemporânea estas combinações: antídoto contra; interpor-se entre; concordar com; comparar com; suicidar-se.

VAMOS BRINCAR O CARNAVAL
A expressão correta é: Vamos brincar no Carnaval. Para certas pessoas, é difícil entender isso.

ENCONTRAR (REGÊNCIA VERBAL)
I – Encontrar (Transitivo direto): Encontrar alguém na praia; II) Encontrar com (Trans. indireto): Encontre com alguém na praia; III) Encontrar-se com (Trans. indireto): Encontrar-se com alguém na praia (A primeira regência sugere fato inesperado, ao contrário das outras que dão ideias de acordo prévio); IV) Encontrar (Trans. direto = achar): Encontrei o relógio que havia perdido.

(*) Professor Antônio da Costa é graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). É, também, servidor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Sobral. Contatos: (088) 9409-9922 e (088) 9762-2542.
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