FOTOS: Professora Socorro Macedo é empossada na Academia de Letras da Confederação Valenciana.

Professora Socorro Macedo passou a ocupar a Cadeira Nº 32 da ALCV

Por José Loiola Neto/Destaque de Elesbão


Na companhia de familiares, incluindo esposo e filhas, a professora/mestre Socorro Macedo, diretora geral da Faculdade de Elesbão Veloso- FAEVE tomou posse no último sábado (13/1)  como novo membro da Academia de Letras da Confederação Valenciana-ALCV, durante sessão solene realizada na cidade de Valença do Piauí. Ela assumiu a cadeira Nº 32 deixada pelo médico Francisco Ramos, que faleceu em maio do ano passado.

Ouvida pelo Painel Popular, Socorro Macedo, lembrou que o ingresso na ALCV se deve a certo apoio e incentivo da professora Maria Celina e Silva, membro da Academia.

- Cheguei a dizer a ela que achava que meu currículo não correspondia com o do Dr Chico Ramos, dono da cadeira que estava sendo proposta para ser ocupada e o resultado foi muita surpresa para mim.

Professora Socorro disse ainda que a oficialização do seu ingresso na ALCV a deixou duplamente honrada, primeiro por ter sido classificada, depois "por substituir a cadeira deixada por um ser humano ilustre como foi o Dr Chico Ramos, figura bastante dedicada a área da saúde bem como da parte literária".

- É uma responsabilidade muito grande e eu espero corresponder a expectativa. Gosto muito de ler e escrever, já tenho alguns livros escritos e publicados, espero realmente fazer valer essa nova oportunidade em minha vida.


ÍNTEGRA DO DISCURSO DA PROFESSORA SOCORRO MACEDO EM SUA POSSE:


Ilustríssima senhora professora e poetisa Valdice Nunes de Almeida, presidenta desta academia, autoridades presentes, senhoras e senhores acadêmicos, familiares, amigos e demais convidados,

Boa Noite!

Cumprimentando a minha família e a dos demais acadêmicos que hoje tomam posse, quero agradecer, fervorosamente, à Academia Deus pela dádiva que nos concede nesta noite, que se perpetuará inesquecível em nossa memória.

Entre as gratas surpresas da vida, incluo hoje o privilégio de ser eleita como membro efetiva da Academia de Letras da Confederação Valenciana.

Como é sabido as Academias de Letras são claramente liames entre o desenvolvimento da literatura e as artes, globalizando o mundo sócio- cultural.

O advento a essa instituição lítero-cultural iluminará a minha trajetória, dentro dos valores éticos e da consciência crítica; enquanto, por outro prisma, exigirá de mim maior responsabilidade no tocante ao desenvolvimento cultural deste Município.

Minha vocação literária surgiu na mais tenra infância, ouvindo textos e histórias do meu avô Chico Chaves e do meu tio Antonio Chaves considerado um dos primeiros escritores de Elesbão e dos quais herdei o amor pela literatura. Na adolescência, comecei a ler e escrever poemas. Acalentava na mente e no coração o anseio de publicar um livro, sentimento esse dividido com minha doce Maria, mãe generosa e dedicada aos filhos.

Assim, Justifico não como a simples presteza de uma oradora, mas fundada no pensamento de Montaigne que, inspiradamente, definiu esta relação ao dizer que “as palavras pertencem metade a quem fala, metade a quem ouve”. Assim, de antemão, prometo tentar tornar minhas palavras, pelo menos quanto à metade que me cabe, não na mais extensa ou profunda das peças já discursadas nesta Academia, mas pelo menos em um pronunciamento capaz de receber o acolhimento e a reflexão por parte das senhoras e dos senhores. Quanto à outra metade, contento-me com a atenção e a paciência de todos que aqui me prestigiam com a digna e estimada presença.

Diz-se o ditado popular “onde se está bem, aí é a pátria”. É este meu sentimento ao passar a fazer parte deste seleto grupo acadêmico da sociedade valenciana. Já me sinto bem; aqui passa, portanto, a constituir também minha pátria, minha casa e, por que não, minha família. Ao longo de minha vida, tenho subido a inúmeras e distintas tribunas, quase sempre pela missão educacional. Mas a tribuna de hoje, na qual os generosos acadêmicos me acolhem, não deixa de ter um especial sentido, uma renomada significação para minha trajetória, seja na vida profissional ou pessoal. Congregar este cenáculo, por onde passaram e frequentam proeminentes figuras do ambiente acadêmico, artístico, intelectual e político, não só dignifica e consagra a alma, o trabalho de qualquer membro de nossa sociedade, como também me incentiva ainda mais na continuidade da atuação educacional e da produção de escritos, quer sejam eles artigos ou livros.

Senhoras e senhores, nesta digna casa da Cultura valenciana, caberá a mim, com muita honra, ocupar a cadeira nº 32, cujo patrono é o poeta Manoel Lopes de Andrade, o “Banda Vermeia”, nome artístico deste, elesbonense nascido nas primeiras décadas do século passado. Violeiro refinado, o qual fabricava as violas que duelava nos embates poéticos de seu tempo. Cadeira até então era ocupada pelo senhor FRANCISCO FERREIRA RAMOS.

Não há como deixar de reconhecer, o legado deixado por ilustre homem, sua história, dedicação e vida pública, foi minha inspiração maior a concorrer uma cadeira nessa renomada instituição, especialmente quando reconhecemos a capacidade que ele detinha em conciliar a arte da medicina com o ofício da escrita.

Na década de 40, em busca do sonho em tornar-se médico, Chico Ramos foi estudar na capital. Para sobreviver, foi vendedor de água, pescador e tropeiro. Ao longo da adolescência, alternava momentos na roça ajudando os pais José Perigoso e Dona Chiquinha, e em Teresina estudando, nunca abandonou seus objetivos. Fez um juramento ao deixar a roça, pendurou o chapéu na parede da sala e disse aos pais que só voltaria médico.

No início da década de 60, Francisco Ferreira Ramos conseguiu se formar na Faculdade Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro, uma das mais concorridas do país, e voltou a Teresina para trabalhar no Hospital Getúlio Vargas, onde foi diretor e responsável por sua manutenção 50 anos, de onde saiu com muitos afilhados, filhos dos funcionários que viam nele bem mais que um chefe. Foi diretor do mesmo hospital por quatro mandatos. Fundador e chefe da Clínica Neurológica do mesmo hospital e professor titular de Neurocirurgia da Universidade Federal do Piauí. Membro titular do Colégio Brasileiro de Neurocirurgia, foi também deputado estadual. Casou-se com a professora Cleusa com quem tivera 3 filhos.Nasceu em Valença, mas viveu desde criança em Elesbão Veloso.

Francisco Ramos é autor dos livros “Memorial do Hospital Getúlio Vargas - Estudo da Medicina do Piauí de 1800 a 2000 - tendo o HGV como o antes e o depois”, “Evolução do Pensamento e da Pratica Medica da Pré-História ao Século XXI”; “Evolução do Pensamento e da Pratica Medica no Brasil de 1500 a 2008”, “Dos Tempos de Prometeu aos Nossos Dias quase Nada Mudou - Debate sobre a Saúde Pública no Piauí” e de sua autobiografia “História que a Própria vida Escreveu”.

De inteligência privilegiada, sempre norteada para o bem, decente e firme em suas convicções. Um lutador, homem dedicado à família. Um cidadão, daqueles que orgulha os amigos. Dr Chico Ramos, de rara sabedoria, soube compartilhar com os mais jovens aquilo de mais precioso, o conhecimento e a experiência. Católico, praticava sua religião no exercício diário da medicina, atendendo a todos com atenção, independente da condição social. Os inúmeros pacientes, alunos e colegas de trabalho sentem hoje a saudade de quem foi exemplo na medicina e na vida.

Quisera o destino, décadas depois, que a filha do vaqueiro e amigo pessoalCenobilino, substituísse acadeira de tão ilustre ser humano.Registro que é uma honra e uma responsabilidade suceder, admirável figura humana que, com o vigor da sua personalidade e o poder da sua inteligência, deu densidade própria ao nosso estado pela sua notável atuação nos múltiplos e diversificados campos da vida a que se dedicou, impulsionado por uma vocação de servir e trabalhar em favor da saúde do povo.

Das referências aos nobres literatos passo para os justos e merecidos agradecimentos, devo invocar que, tenho recebido o apoio e o carinho – como este que agora as senhoras e os senhores demonstram com suas presenças – de inúmeras pessoas que me rodeiam, no círculo pessoal e na esfera educacional. Esse apoio,compreensão e tolerância têm sido o combustível de meu dia a dia na educação, no

meu lar. E tenho certeza que, a partir de agora, aqui também, desta Academia, receberei e compartilharei o mais alto companheirismo e a mais admirável fidelidade.

Quero finalizar, fazendo justos e necessários agradecimentos.

Agradeço, primeiramente, a Deus, que me ajudou a superar os medos, dificuldades, se não fosse Sua companhia, força e inspiração, certamente não teria seguindo adiante, por isso devolvo a Ele o mérito de hoje, toda Glória é dEle. Desse modo, agradeço a toda Trindade Perfeito: Deus Pai, Filho e o Espírito Santo pelo seu amor incondicional.

Agradeço aos nobres acadêmicos pelo voto de confiança refletido em minha eleição e dos demais acadêmicos eleitos. Dentro desta oportunidade ímpar com a qual me agraciam, venho para coerir e semear. Portanto, às senhoras e aos senhores prometo um fraterno convívio dentro do mais alto espírito de democracia, respeito e admiração.

Aos meus familiares e amigos, renovo o reconhecimento e constante ajuda nesta nova trajetória como membro desta insigne instituição das letras. Um especial agradecimento a amiga e também acadêmica desta instituição, professora Celina, que honradamente ocupa a Cadeira nº33. Incentivadora maior e a responsável direto pela iniciativa e decisão de minha candidatura a uma cadeira nesta Casa, e a qual rendo aqui minha eterna e sincera gratidão. As minhas irmãs e irmãos, dos quais sempre pude obter não só o conforto familiar, mas, sobretudo, o companheirismo diário e o permanente incentivo (vocês são muito especiais na minha trajetória), suportes estes que também tenho recebido de meus familiares, de meu marido e minhas filhas aos quais sou extremamente agradecida. Finalmente, deferência particular devo ao meu esposo Alípio Júnior, estimulador na minha luta diária, dedico a honra do título que hoje recebo, agradecendo pelo irrestrito apoio a uma nova e, tenho certeza, profícua experiência.

Senhora Presidente, ilustres acadêmicos, senhoras e senhores convidados, dentro deste ambiente literário, não posso aqui, deixar de referenciar e a realçar o mestre Machado de Assis, inspirador e fundador da Academia Brasileira de Letras, um incorporador de toda aura que revela o espírito desse modelo de instituição, quem melhor exprime as interfaces da letra e da palavra. Volto aos ensinamentos e experiência de meus pais CENOBILINO E MARIA DE JESUS (in memória), citando um de seus ensinamentos diariamente presentes em minha trajetória, neste momento, me inspira, tanto pela sabedoria quanto pelo realismo retratado de nossas vivências. Ensinaram-me eles, deixando expresso que, se “as facilidades iludem e enfraquecem, as dificuldades ensinam e fortalecem”. Deixo esta tribuna sentindo-me fortalecida pela vigorosa guarida recebida.

Nesta noite solene, em que assumo e inicio minha carreira de imortal, perante meus pares, confrades e confreiras da Academia de Letras da Confederação Valenciana. Como sempre costumo dizer: “Paz e muita luz” a todos que aqui estão. MUITO OBRIGADA!











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