DE OLHO NA LÍNGUA- Dicas de português do Professor Antonio da Costa de Sobral-CE- Material de domingo, 1º/07/2018



Lambuja ou lambujem?
A segunda. Lambuja não existe. Lambujem, sim, é o que se pode dar ou ofertar, quando se trata de apostar com a convicção de levar vantagem sobre o contestante. Mas lambuja tem a seu favor o fato de que o povo, sempre que pode, na língua se lambuza... Ex.: Apostei mil reais no Palmeiras e ainda ofereci dois gols de lambuja.

Gastado / Gasto
Usa-se gastado com os verbos “ter” e “haver” (voz ativa). Ex.: Ele tinha (ou havia) gastado muito dinheiro em apostas. Usa-se gasto (a) com os verbos auxiliares “ser” ou “estar” (voz passiva). Ex.: O dinheiro foi gasto em passeios; Foram gastas altas quantias na compra dos equipamentos.

Há manifesta tendência em se usar gasto, na voz ativa, em lugar de gastado. Exs.: Ele tinha gasto o dinheiro em apostas; Era melhor que houvesse gasto suas energias em atividades úteis; “Os jornais americanos têm gasto muito dinheiro para ter notícias do Brasil nas diferentes crises agudas e periódicas da República.” (Eduardo Prado – A ilusão americana, pág. 161); “Pelo caminho haviam gasto mais do que imaginaram.” (Jorge Amado – Seara Vermelha, pág. 117); “Tinha gasto setecentos e setenta mil reis e tinha ganho oitenta e quatro mil reis.” (Machado de Assis – Obras Completas II, pág. 112); “Espero não ter gasto todo meu dinheiro em vão” (Dinah Silveira de Queirós – A Muralha – pág. 12).

Povo = Vulgo?
Não. Povo é uma das classes em que se divide uma nação. Já vulgo é a parte rude e ignorante do povo e que manifesta baixos sentimentos e ações ruins. Por isso, chama-se vulgar a tudo o que é ordinário, de pouca importância, de condição inferior. Vulgacho é a gentalha, o vulgo desprezível e ignaro, já que “acho” é sufixo de idéia pejorativa.

“Informo-o de que” ou “Informo-lhe que”?
Ambas corretas. Pode-se informar alguém “de” alguma coisa ou informar a alguém alguma coisa. Ex.: Informo-o de que (ou informo-lhe de que) não há irregularidades na CEF; Informamo-los de que (ou informamos-lhes que) chegamos bem de viagem. Não podemos dizer o mesmo, porém, para os verbos certificar e cientificar, sinônimos de informar os quais admitem apenas a primeira a regência. Exs.: Certifico-o (ou cientifico-o) de que não há irregularidades na CEF; Certificamo-los (ou cientificamo-los) de que chegamos bem de viagem.


“Previno-o de que...” ou “Previno-lhe que”
A primeira. Só se previne alguém de alguma coisa. Exs.: Previno-o de que vai chover; O novo professor é exigente. Ninguém nos preveniu disso.


Apesar que!?
Não, não existe “apesar que” em nossa Língua, apesar de que muito se vê e ouve na língua popular. Em Português existe a locução prepositiva “apesar de” e a locução conjuntiva “apesar de que”. ‘Apesar que’ fica por conta de “alguns”.


(*) Graduado em Letras Plenas, com Especialização em Língua Portuguesa e Literatura, na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). É, também, funcionário do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Sobral (CE). Contatos: (088) 99762-2542.
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