DE VOLTA PARA CASA: Após 40 anos distante, graças a amigo de infância, homem reencontra família em Elesbão Veloso.

José da Cruz em entrevista a este repórter: retorno a Elesbão Veloso depois de 40 anos

Por José Loiola Neto

José da Cruz Pereira da Silva deixou sua terra natal em 1982, aos 20 anos. Em princípio seguiu para São Paulo, onde trabalhou como metalúrgico, três anos mais tarde se mudou para Rondônia. 

No estado nortista, a intenção era encontrar ouro em garimpos da região. Mas a atividade durou pouco tempo e ele migrou para o setor da construção civil, passou a trabalhar para o governo do estado que à época construía uma barragem aos arredores de Porto Velho. 

Nesse longo período de quatro décadas, apesar de distante garante que o pensamento esteve aqui, pois deixou os pais e irmãos, alguns deles ainda pequenos.

- Pensava, mas não tinha contato, deixei meu contato com o Raimundo do Domingos Gil, ele morava comigo em Rondônia, ficou apenas três meses trabalhando na barragem, ele voltou para o Piauí, eu fiquei. 

Zé da Cruz viveu em SP e RO

Ele conta que em Rondônia além de trabalhar, teve uniões estáveis, Zé da Cruz é pai de um jovem. Na convivência recente com uma mulher, ele relata foi passado para trás. 

- Com a força do meu trabalho, consegui ter minhas coisas, tinha carro, moto, gado, mas arrumei uma mulher, vivi 7 anos com ela, mas de um dia para uma noite ela foi embora para Bolívia, nunca mais a vi, isso foi em 2014, levei um balão severo. 

Recém-chegado a Elesbão Veloso- a pouco mais de dois meses, Zé da Cruz disse que estava adaptado a Rondônia e que tem tido dificuldade de se acostumar na terra onde nasceu.

- Aqui por enquanto é tudo estranho, não conheço quase ninguém, até minha família, são poucos os que eu conheço, alguns irmãos deixei pequenos. 

Graças ao amigo de infância, o eletricista Zezinho Mocó, o ex-garimpeiro Zé da Cruz foi localizado e reencontrou sua mãe dona Ana Cezorte, moradora do bairro Capitão Mundoco, onde ele vem residindo. O pai dele faleceu. 

- O Zezinho me localizou através das redes sociais, um filho do Lisboa que mora lá ligou para ele, eu estava trabalhando, eu nem queria vim, houve muita peleja, mas fui convencido, o Zezinho é como se fosse da família, é um cara legal. 

Recentemente, Zé da Cruz enfrentou alguns problemas de saúde, necessitando inclusive de internação, o caso foi grave à ponto dele perder parcialmente a memória. 

- Agora que eu estou aos poucos reconhecendo as coisas e as pessoas, perdi a memória, até remédio estou tomando, do nada sofri um desmaio em casa, fiquei seis dias internado, precisei tomar sangue. 

Do alto dos seus 59 anos, o senhor Zé da Cruz admite não reunir condições para trabalhar, principalmente por conta de um desgaste da coluna, o que motivou a pleitear aposentadoria.

Os problemas de saúde se agravaram a ponto de ter havido o contratempo da sua internação entre hospitais de Elesbão Veloso e Teresina, o que serviu para ele ter uma percepção em relação a saúde dos estados do Piauí e Rondônia. 

- Uma coisa que achei boa foi a medicina daqui, diferente de lá. Lá o cara morre à míngua, aqui achei muito fácil o acesso. Se vocês reclamam da saúde aqui, vão passar um dia só em Rondônia para ver o que é bom. 

Reactions

Postar um comentário

0 Comentários

Close Menu