Suzarte à época da sua passagem pelo Flamengo-PI
Por José Loiola Neto
A conversa do domingo(20/02/2022) no quadro Papo de Bola no Painel Popular Edição 981 foi com o ex-goleiro baiano Suzarte Santos.
Atualmente com 63 anos(16/02/1959), Suzarte iniciou sua trajetória profissional no futebol piauiense, atuando pelo Ríver, teve passagens pelo arquirrival Flamengo, Comercial de Campo Maior e Parnahyba, a quem diz ter muita gratidão, principalmente à pessoa do ex-presidente, o lendário Pedro Alelaf.
Suzarte em princípio defendeu a Seleção de Oeiras no Torneio Intermunicipal em 1981. Após pendurar as luvas exerceu a função de olheiro para o Flamengo-RJ, depois para Botafogo-RJ e Vitória-BA.
Com apenas 1,78m ele disse que estatura nunca foi problema e que se destacava por boas defesas e a facilidade de jogar bem com os pés. Abaixo, os principais trechos da entrevista.
INÍCIO DA CARREIRA
- Comecei a jogar futebol nas divisões de base do Fluminense de Feira de Santana. Depois fui convocado pela Seleção Baiana para disputa do Campeonato Brasileiro de Juniores, depois disso, fui transferido para o Flamengo do Rio para disputar o Campeonato Carioca de divisão de base, tive passagens pelo Botafogo, retornei à Bahia para jogar pelo Vitória, depois fui para o Piauí, onde joguei pelo Ríver, Comercial de Campo Maior, Parnahyba, retornei ao Ríver, fui para o Flamengo-PI, onde encerrei a carreira, voltei para o Rio e passei a atuar como olheiro no futebol para o Flamengo por dois anos, posteriormente para o Botafogo e Vitória-BA.
VINDA PARA O PIAUÍ
- Estava passando férias na casa do amigo Bôfinha em Petrolina-PE, e nessa época estava acontecendo o Intermunicipal e ai foram buscar ele para disputar duas partidas em Oeiras, o secretário de segurança do Piauí à época, o Juarez Tapety foi atrás do Bôfinha, mas aí ele me viu jogar e me perguntou se eu toparia ir também, então topei, acabei ficando até o final do intermunicipal, a meta era retornar ao Botafogo, que perdeu o interesse porque nós abandonamos, fato é que após o intermunicipal fui para o Ríver em 1982, foi nesse ano que comecei minha vida como profissional, o Galo essa época tinha José Wilson Parente como presidente.
RECORDANDO O TIME DE OEIRAS
- Tínhamos um bom time. Estávamos invictos e perdemos a semifinal no Albertão para a Seleção de Piripiri, que tinha Guará, Luiz Meneses, Derica, uma série de bons jogadores, alguns seriam profissionais futuramente, era uma seleção muito boa, perdemos para eles que seriam campeões do intermunicipal naquele ano 1981, ganhando a final em cima da Seleção de Barras.
ANÁLISE DA PASSAGEM PELO PIAUÍ
- Até hoje tenho contato com o pessoal no Piauí, até porque sou sócio da AGAPI desde 1982. Constantemente colocam matérias minhas em jornais, fazem divulgações. Acho que minha passagem pelo futebol piauiense foi excelente. Fui considerado o melhor goleiro do campeonato em 1985, quando jogava pelo Comercial. Então acho que tive uma boa trajetória até porque o futebol daquela época é diferente de hoje.
ÉPOCA ÁUREA DO FUTEBOL PIAUIENSE
- O Rivengo, por exemplo, era um clássico bastante inflamado e acirrado, Flamengo e Ríver tinham bons jogadores. O Flamengo tinha Dias Pereira, Décio Costa, o Ríver tinha Bitonho, Valter Maranhão, Etevaldo, o público que comparecia aos estádios era muito bom, a divulgação era boa, e para vê hoje o Rivengo com público de 500 pagantes é muito estranho, isso não existe, nem em campeonato amador, o futebol de hoje é nivelado por baixo, se comparado àquela época.
REVERÊNCIAS A PEDRO ALELAF
- As pessoas criticam muito o nosso futebol, falo nosso porque eu gosto muito do Piauí, sou fã desse estado, me considero daí e um filho de Pedro Alelaf.
FUTEBOL CARENTE
- Infelizmente é a realidade do futebol piauiense, que não tem nenhum patrocinador. O único patrocinador é o time do Fluminense do João Vicente, que ajuda o dele e ainda ajuda financeiramente os adversários, isso é complicado.
NADA DE VACAS MAGRAS
- Ganhávamos pouco porque na verdade em relação a hoje, que se fala em milhões, ganhámos entre 4 e 6 salários, mas recebíamos, tanto em Teresina, como no interior tinham pessoas que bancavam os times.
DRAMA DO FLAMENGO-PI
- É horrível. Sou muito amigo do pessoal do Flamengo. O seu Raimundo Soares, foi meu treinador, ele é um baluarte desse clube, o Júnior é meu amigo, mas não tem condições, um jogador se propõe a jogar por R$ 2 mil e ainda não recebe.
GRATIDÃO AO FUTEBOL
- Agradeço ao futebol do Piauí sempre que tenho oportunidade, em especial, ao senhor Pedro Alelaf do Parnahyba. Tenho três filhos, duas advogadas e um médico, então, a formação deles, eu agradeço ao futebol do Piauí, que me deu essa oportunidade. Eu cheguei ai com pouco mais de 20 anos, me profissionalizei no Ríver, era um garotão, joguei mais de 15 anos, hoje estou com 63 anos.
OLHEIRO DO FLA
- Quando parei de jogar foi meio complicado porque tinha dedicado grande parte da minha vida ao futebol. Meu pai era auditor fiscal do estado da Bahia, ele faleceu, então tive que resolver uma porção de coisas dele, fiquei quase um ano afastado do futebol e quando pensei em voltar já não dava mais como atleta, pois já estava com mais de 30 anos e decidi ser olheiro. Fui para o Rio de Janeiro, procurei o Flamengo, na Gávea conversei com o senhor George Helal, disse que queria trabalhar e expliquei para ele a necessidade do Flamengo ter um olheiro no Nordeste, ele topou, me deu as credenciais do clube e eu passei a percorrer os estados pelo Nordeste e em pouco tempo mandamos para lá pelo menos 4 jogadores.
SAÍDA DO MENGÃO
- Com a chegada da ISL, meu projeto parou, pois ela fechou contrato com o Flamengo e exigiu o setor do futebol, e aí só não deixou o clube quem era funcionário.
EXPERIÊNCIA NO BOTA
- Depois de romper o trabalho com o Flamengo preferi não voltar para Bahia, então procurei o Botafogo, fui a Marechal Hermes e fechei com o clube e passei a fazer o mesmo trabalho que havia feito para o Flamengo.
1,78 METROS: ALTURA NÃO ERA PROBLEMA
- Até hoje, quando vamos fazer testes em peneiras, os clubes, em sua maioria exigem goleiros com 1,89, 1,90, 1,92 metros, hoje, os goleiros são assim, mas naquela época a gente jogava, tinham vários casos, o Andrada não era alto, o Ronaldo, campeão brasileiro com o Bahia em 1988 também não era alto, tinha minha altura- 1,78 m. Eu acho que o goleiro não pode ser baixo demais, mas não atrapalha tanto, vejo que o Brasil quis copiar o padrão europeu.
PONTOS FORTES COMO GOLEIRO
- Eu era um atleta que não gostava de treinar, mas era muito clássico, como goleiro, muitos dizem para mim: 'Suzarte, muitos falam de Rogério Ceni, mas o que ele fez, você já fazia há 30 anos atrás', então o meu forte era bater na bola, eu tinha muita facilidade de sair jogando com os pés.
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