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Dona Zélia Borba com este professor/repórter. |
Por José Loiola Neto
No final do ano passado, tive a satisfação de conversar, matar saudades e sempre aprender um pouco mais da vida através da dileta amiga dona Zélia Borba, pessoa da minha estima e agrado, tanto que a tenho como mãe.
Do alto dos seus 85 anos(30/06/1937), destes, mais de 60 vivendo em Elesbão Veloso, a experiente professora, nascida em Floriano-PI tem muitos contos não apenas no campo da educação, mas da vida, enquanto, esposa e mãe.
Ela me recebeu no aconchego seu seu lar para agradável conversa. Vivendo mais em Teresina do que Elesbão Veloso nos últimos meses aos cuidados dos filhos, dona Zélia Borba relembra nessa entrevista o lugar rústico que encontrou quando aqui chegou em 1962, as festas em armazéns, as dificuldades e alegrias vividas na Escola José Martins, onde foi professora e diretora. Por fim, disse ter convicção de ter procurado fazer o melhor e dado o melhor de si, o que a faz acreditar ter cumprido sua missão. Abaixo, os principais trechos da entrevista.
Dona Zélia Borba chegou a Elesbão Veloso em fevereiro de 1962 |
CHEGADA A ELESBÃO VELOSO
- Faço parte da Educação em Elesbão Veloso porque cheguei aqui no dia 4 de fevereiro de 1962. Lembro bem que o prefeito à época seu Mundoquinho Lopes me convidou no dia 30 de janeiro daquele ano, após uma missa na igreja de São Benedito, no encerramento de um curso da CADIS, um curso federal, houve esse convite, lembro bem que minha família não queria que eu viesse, mas eu acabei vindo.
CIDADE RÚSTICA
- Eu não esperava encontrar uma 'terra bruta' com muito mandacaru, pau darco, muito lajeiro. Dos Tinguis para Delegacia haviam pedras enormes que serviam de abrigo. Era um povoado rústico, havia pouco coisa.
FESTAS DA ÉPOCA
- Eram feitas em salões de depósito de couro, um dos locais era o armazém do João Soares na Avenida João XXIII, não haviam clubes apropriados.
LENDÁRIO COLÉGIO JOSÉ MARTINS E AS DIFICULDADES
- Lá não havia nada. Encontrei uma escola com portas, janelas e carteiras quebradas. Para restaurar o colégio eu negociava com os pais dos alunos, eles contribuíam com certa quantia para restaurar o colégio. Recorri várias vezes aos senhores José Osvaldo e João Coimbra, pedindo ripas e caibros para serem colocados na escola.
APOIO DO ESTADO
- Não havia. Nunca recebi nenhum tostão nem de prefeito nem de governador. Enfrentei tudo na raça, pedindo. Seu José Osvaldo e seu João Coimbra quando me viam, já diziam: 'lá vem a Maria Pidona'. Lá não tinha bancos para os alunos. Sobravam dificuldades.
CASAL DEDICADO
- A Zulmira Morais e o Otavinho foram pés e mãos do grupo. me ajudaram em tudo. Sinto saudade de tudo.
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO CONSTATA SITUAÇÃO COMPLICADA
- O secretário Wall Ferraz esteve aqui e me encontrou sentada no chão e os meninos em caixotes.
MÚLTIPLAS FUNÇÕES
- Nos três primeiros anos eu era professora e diretora. De manhã eu dava aula, à tarde eu permanecia na escola como diretora.
CURSO NOTURNO COM LAMPARINAS
- Em 1963, eu criei o curso noturno, funcionando com lamparinas à base de querosene, ainda hoje tenho o meu aladim que comprei para levar para o grupo(termo utilizado à época para se referir a escola) para me auxiliar nas aulas. Consegui com o secretário porque havia um projeto do governo federal o Aliança e Progresso, daí conseguimos uns aladins a gás, eles serviam para sala de aulas e auxiliava nos trabalhos da diretoria.
PORQUE LAMPARINAS E ALADINS?
- A luz em Elesbão Veloso naquela época era até 21h, era a famosa Maria Fumaça, na Rua da Usina.
ESTUDANTES NOTURNOS
- Mozar Cavalcante, Tenente Romana, Pequeno Bolô foram alunos do curso noturno, alguns deles anos depois chegaram a estudar no ginásio da CNEC. Eram alunos modestos, não eram salientes. Naquela época o que o professora dizia, os alunos obedeciam, éramos como pais, ao contrário de hoje que tudo é diferente, o professor é chinelo. Convenhamos em Elesbão Veloso, o professor não é reconhecido.
ALUNOS DEDICADOS
- Rosângela e Marluce Matias e a Deuselina eram alunas dedicadas.
PROFESSORES MARCANTES
- A Socorro Sales não foi minha aluna, ela terminou o pedagógico eu estava sendo professora no José Martins, ela esteve aqui em setembro do ano passado e me fez uma visita breve. Lembro também da Teresinha Sales que não era professora, era uma professora de religião pela dedicação que ela tinha, dava aula durante a semana e aos domingos dava aula de catecismo, preparando os meninos para a primeira comunhão.
SAÍDA EM 1990
- Aposentei em setembro de 1990, me aposentei e aqui fiquei. Meu emprego no Estado, fui nomeada em 1962 como professora nível primário para a Escola José Martins, não havia nenhum professor nomeado, depois fui nomeada como diretora. Tive perdas salariais também. O Estado acha que eu não ensinei, que eu não fui para a sala de aula por isso, em 2013 no governo Wellington Dias para cá eu não recebo o dinheiro do estado. Tenho mágoas porque dei tudo de mim pelo ensino, mas até hoje nunca encontrei em Elesbão Veloso uma pessoa que desse uma palavra por mim, não tive reconhecimento.
FAMÍLIA
- Meu pai era Epifânio Borba, minha mãe Francisca de Sousa Borba. Somos 10 filhos- o Demóstenes, Erasmo e Alcione(falecidos); Raimundo, Athlas, Rivadávia, Zélia, Amariles, Gizelda e Borba Filho. Meu pai é descendente dos Borbas de Pernambuco.
FILHOS
- Tive seis filhos. A mais velha era Francisca Amância(1963), dela tive um parto muito complicado, era para ser cesário, o médico não fez e ela nasceu com problemas. Tive também o Acelino Filho(1965); Simone(1969); Rômulo(1971) e Demóstenes(1974). Tive uma perda, de uma menina- Sandra.
OVOS DE PÁSCOA
- Meu objetivo era ficar fazendo, mas houve um imprevisto, uma coisa desagradável.
SITUAÇÃO DE SAÚDE
- Graças a Deus estou bem. O meu problema é devido a uma cirurgia e uma prótese que foi colocada no fígado ficou um problema de má digestão, mas estou resolvendo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
- Um excelente Natal, de paz, amor, felicidades e muita saúde ao lado da família para você a todo o povo de Elesbão Veloso, que mesmo ralando como eu vivo, estou superando e gosto daqui, prova é que não fui embora, ajudei a muita gente, acho que cumpri minha missão aqui.
2 Comentários
Parabéns dona Zélia Borba pela sua dedicação com a escola, e com os alunos, a senhora fez um ótimo trabalho, eu creio que todos os alunos que estudaram na escola José Martins lembram daquela época com saudades, parabéns e que Deus te abençoe e preserve a sua memória assim.
ResponderExcluirParabéns dona Zélia pelo seu trabalho
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