Com apenas 36 anos, elesbonense Valderique José da Silva, o "Terêga" desenvolve neuromielite óptica, perde movimento das pernas, fica com visão comprometida e deixa família em SC: "Isso me machuca muito".


Valderique José da Silva, o Terêga durante entrevista ao Elesbão News
Por José Loiola Neto/Destaques de Elesbão Veloso- Geral

Neste sábado(4 janeiro 2020) nossa reportagem conversou com o jovem Valderique José da Silva, o "Terêga", 36 anos, morador da Rua Mozar Soares Cavalcante, região do bairro Santa Clara, aqui em Elesbão Veloso. Ele é um dos filhos da aposentada Aldenora Silva e irmão da ex-comerciária "Missula" de O Boticário, que faleceu em outubro de 2017.

Nos últimos meses, Terêga vem enfrentando um problema sério de saúde, uma vez que, segundo ele, em maio do ano passado, quando ainda residia em Urubici, situada na serra catarinense perdeu o movimento das perdas em face a uma  neuromielite óptica, uma doença rara, crônica e inflamatória.

Aparentemente tranquilo, deitado numa cama, o ex-segurança e pizzaiolo respondeu às nossas perguntas, e em princípio comentou sobre o surgimento do problema.

- Começou com uma dormência em um dos pés, depois foi subindo para coxa e costelas do lado direito. A partir dai, fui ao Médico da Família, e ele recomendou um tratamento, eu fiz, mas não surtiu efeito, não melhorou, então, eu procurei outro médico e este achava que era um problema de nervo ciático, recomendou outro tratamento e falou que eu iria ficar bom, fiz outro tratamento e nada...

Terêga disse que não melhorava e a doença só se agravou a ponto de a dormência já está passando para outra perna, mesmo assim, ainda que com limitações conseguia caminhar. Mas foi somente quando ele falou com um terceiro profissional de saúde-- uma médica, ela o encaminhou para um neurologista.

- Quando ela me entregou esse encaminhamento, fui à Secretaria de Saúde para marcar, mas ai eles falaram que iria demorar sair essa consulta, como era um caso de urgência já que a dormência estava passando para a outra perna resolvi ir para a casa da minha irmã em Florianópolis consultar no Hospital de Urgência; consultei a primeira vez, no final da tarde, eles me chamaram e falaram que eu não tinha nada. E eu perguntei: como não tenho nada?, eu queria muito que aquilo fosse verdade, mas eu sabia que tinha algo errado, pois eu não estava legal.
Terêga ultimamente está sondado e com visão comprometida. 
Apesar dos percalços  e das idas e vindas a hospitais e consultas com médicos, Terêga ainda conseguia caminhar, mas com muita dificuldade. Contou que após aquela consulta no Hospital de Urgência de Santa Catarina retornou para casa e o problema só se agravava. Dias após retornou ao hospital e numa nova consulta e novos exames teve o laudo preciso do que vinha lhe acometendo.

- Eles(médicos) me perguntaram muito se havia algum caso semelhante ao meu na família, se havia alguém com esse problema que é tipo genético e eu não sabia se já tinha havido isso, mas já teve sim.

Informação confirmada pela mãe do nosso entrevistado. Segundo dona Aldenora, a mãe dela(avó de Terêga) sofreu paralisia nas duas pernas, importante lembrar que ela era diabética, e a avó paterna de Terêga também teve paralisia nas pernas antes de morrer.

- O pai dele também passou 8 meses em uma cadeira de rodas sem caminhar.

Dona Aldenora disse que é dolorido vê o filho na situação em que se encontra, mas ao mesmo tempo Deus lhe dá muita força à ponto de ter bastante confiança.

- Recentemente tive a perda da minha filha(Missula), do meu pai(seu Cassiano), sendo que após sete dias em que passou o sétimo dia de morte dele fui surpreendida com esse problema do Terêga; eu já não estava bem, tive que ir para Teresina realizar exames, e ele em Santa Catarina muito mal, tive que ir lá visitar ele.
Dona Aldenora é mãe de Terêga. 
Terêga deixou Elesbão Veloso rumo a Santa Catarina, onde moram muitos dos seus familiares em 2012 e retornou no final de Outubro do ano passado. Casado e pai de um menina, ele conta como era sua vida em Santa Catarina.

- Eu trabalhava para uma pizzaria de quinta a domingo. Levava uma vida normal, não gostava muito de sair, ficava em casa, não sei porque fui ter essa doença, foi de uma hora para outra.

A doença também mexeu com o sistema urinário de Valderique José tanto que nos primeiros sintomas da neuromielite óptica ele não conseguia urinar e ultimamente vive sondado. Ele descreve sobre a conversa informal que teve com os médicos a respeito da gravidade da doença.

- Minha reação foi de choque ao ser informado pelo médico que essa doença não tinha cura. Foi retirado um líquido da minha coluna e descobriram que eu estava com a medula óssea inflamada. Numa ressonância descobriu que eu tinha neuromielite óptica.

A neuromielite óptica também comprometeu a visão de Terêga, prova disto é que antes de ter confirmado o diagnóstico, ele já sentia dores em um dos olhos. E depois chegou a perder a visão dos dois olhos, porém, com o passar dos dias com o tratamento houve uma atenuante.

- No momento eu enxergo de um olho apenas, ainda assim a visão é embaçada, não vejo muito bem.

Perguntado sobre a família- a esposa e filha, Terêga lamenta ter deixado tudo para trás e ter vindo para o Piauí forçado pelo problema de saúde.

- Acabei deixando a família lá e vindo para cá. Isso me machuca muito, mas fazer o que?. Vim para cá porque tem mais gente para me cuidar, tem mais espaço.

Sobre a possibilidade de voltar a andar e levar uma vida normal, Terêga foi enfático.

- A esperança é a ultima que morre. Eu já tive bem pior, agora estou bem melhor, as pernas já dão sinais um pouco, e se tiver algum tratamento em Teresina eu vou fazer.
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